Postagens

Mostrando postagens de setembro, 2008

Tudo muda o tempo todo no Mundo

Imagem
Olhava sempre o mapa, somava os quilômetros, media a distância. Uma vez voando nas nuvens, pediu a Deus pra ficar mais perto, pediu uma segunda chance. Repetiu a mesma frase até cansar, cansá-lo de ouvir, incansável em pedir. Olhando o sol ir embora pela janela do terceiro andar, desejou mais uma vez, com tanta força que o aperto doeu o coração. Procurou estrelas cadentes no céu estrelado, deitada na cama grande e vazia. Acordou certa manhã sozinha e decidida, uma luz se acendeu, de um pulo correu até o computador, era a cartada final, redigiu, enviou, e muito pouco esperou. A resposta veio 5 minutos depois, 10 minutos de conversa, tudo certo, combinado, confirmado, 1.600 km de distância reduzidos a 106. Deus é fiel. E Ele me ama!

Então, vem...

"Vem, antes que eu me vá, antes que seja tarde demais. Vem, que eu não tenho ninguém e te quero junto a mim. Vem, que eu te ensinarei a voar." [Caio Fernando de Abreu]

Festa no outro apartamento

Anos atrás a cantora Marina compôs com o irmão dela, o poeta Antônio Cícero, uma música que dizia: "eu espero/acontecimentos/só que quando anoitece/é festa no outro apartamento". Passei minha adolescência inteira com esta sensação: a de que algo muito animado estava acontecendo em algum lugar, porém eu não havia sido convidada. Até aí, nada de novo. Não há um único ser humano que já não tenha se sentido deslocado e impedido de ser feliz como os outros são - ou aparentam ser. O problema está em como a gente reage a isso. A grande maioria que espera "acontecimentos" fica ligada demais na festa do vizinho, se perguntando: como fazer para ser percebido? A resposta deveria ser: percebendo-se a si mesmo. Mas é o contrário que acontece: a gente passa a se vestir como todo mundo, falar como todo mundo, pensar como todo mundo. Só então consegue passe livre: ok, agora você é um dos nossos, a casa é sua. As festas em outros apartamentos são fruto da nossa imaginação

Coração Blindado

Fácil falar Fazer previsões depois que aconteceu Fácil pintar o quadro geral Da janela de um arranha-céu Sem ter que sujar as mãos Sem ter nada a perder Sem o risco de pagar pelos erros que cometeu Fácil achar o caminho a seguir Num mapa com lápis de cor Moleza mandar a tropa atacar Da tela do computador Sem o cheiro Sem o som Sem ter nunca estado lá Sem ter que voltar pra ver o que restou Com a coragem que a distância dá Em outro tempo em outro lugar Fica mais fácil Fácil demais Fazer previsões depois que aconteceu Fácil sonhar condições ideais Que nunca existirão Sempre a distância Sem noção O que rola pelo chão Não são as peças de um jogo de xadrez Com a coragem que a distância dá Em outro tempo em outro lugar Tudo é tão fácil (Engenheiros do Hawaii)