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Mostrando postagens de outubro, 2013

Quartinho dos fundos

O amor não acaba. O amor apenas sai do centro das nossas atenções. O tempo desenvolve nossas defesas, nos oferece outras possibilidades e a gente avança porque é da natureza humana avançar. Não é o sentimento que se esgota, somos nós que ficamos esgotados de sofrer, ou esgotados de esperar, ou esgotados da mesmice. Paixão termina, amor não. Amor é aquilo que a gente deixa ocupar todos os nossos espaços, enquanto for bem-vindo, e que transferimos para o quartinho dos fundos quando não funciona mais, mas que nunca expulsamos definitivamente de casa.   --Martha Medeiros

A beleza da vida

18 comprimidos por dia. 4 horas numa fila para pegar gratuitamente do governo só metade dos medicamentos que preciso. Muitas idas ao banheiro. 4 quilos perdidos. Crise. Novamente. O que analisar de positivo num dia em que só chorei a minha condição? A minha limitação por ter uma doença crônica incurável? O que ver de bom num dia em que mais uma vez se toma consciência de que "ficar boa" não é uma possibilidade em minha vida? Mas eu vi. Eu consegui ver beleza, mesmo quando era só dor que eu sentia:  Minha gata se enroscar nos meus braços e fazer carinho no meu rosto com um ronronar mais gostoso do mundo. As lambidinhas, as mordidinhas até ela adormecer quentinha no balanço da minha respiração. Ler Martha Medeiros no meio de tanta espera e se ver em cada linha, se identificar, se surpreender, sentir prazer. O carinho dos amigos e até dos que nem são amigos ainda. A atenção de estranhos, pessoas que nunca vi na minha vida, ao me ver passando mal. A preocupação de t

O que valeu a pena hoje

"Paulo Mendes Campos, em uma de suas crônicas reunidas no livro “O Amor Acaba”, diz que devemos nos empenhar em não deixar o dia partir inutilmente. Eu tenho, há anos, isso como lema. É pieguice, mas antes de dormir, quando o dia que passou está dando o prefixo e saindo do ar, eu penso: o que valeu a pena hoje? Sempre tem alguma coisa. Uma proposta de trabalho. Um telefonema. Um filme. Um corte de cabelo que deu certo. Até uma briga pode ter sido útil, caso tenha iluminado o que andava escuro dentro da gente". (Martha Medeiros) E esse vai ser meu lema de hoje em diante. Pelo menos uma coisa boa no dia tem que ficar registrada, por mais insignificante que seja. Xô, tristeza!

Ama-se por quê? Por que se ama?

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Enforcar-se é levar muito a sério o nó na garganta.  --Mario Quintana

Loucas

Eu só conheço mulher louca. Pense em qualquer uma que você conhece e me diga se ela não tem ao menos três dessas qualificações: exagerada, dramática, verborrágica, maníaca, fantasiosa, apaixonada, delirante. Pois então. Também é louca. E fascina a todos. Todas as mulheres estão dispostas a abrir a janela, não importa a idade que tenham. Nossa insanidade tem nome: chama-se Vontade de Viver até a Última Gota. Só as cansadas é que se recusam a levantar da cadeira para ver quem está chamando lá fora. E santa, fica combinado, não existe. Uma mulher que só reze, que tenha desistido dos prazeres da inquietude, que não deseje mais nada? Você vai concordar comigo: só se for louca de pedra. (Martha Medeiros)

Marco Dois

O amor é uma companhia. Já não sei andar só pelos caminhos, Porque já não posso andar só. --Alberto Caeiro

Não tenho nada a ver com explosões

Também não faço muito barulho, ainda que seja no silêncio que nos arrebentamos. Tampouco tenho a ver com o espaço sideral, com galáxias ou mesmo com estrelas. Preciso estar firmemente pousada sobre algo - ou alguém. Abraços me seguram. E eu me agarro. Tenho medo da falta de gravidade: solta demais me perco, não voo senão em sonhos. Não tenho nada a ver com boate, com o som alto impedindo a voz, com a sensualidade comprada em shopping, com o ajuntamento que é pura distância, as horas mortas desgastando o rosto, a falsa alegria dos ausentes de si mesmos. Não tenho nada a ver com o que é dos outros, sejam roupas, gostos, opiniões ou irmãos, não me escalo para histórias que não são minhas, não me envolvo com o que não me envolve, não tomo emprestado nem me empresto. Se é caso sério eu me dôo, se é bobagem eu me abstenho, tenho vida própria e suficiente pra lidar, sobra pouco de mim para intromissões no que me é ainda mais estranho do que eu mesma.(...)  Meu mundo se resume a palavra

Irresponsabilidade Verbal

Rita, sabe a Rita?  Pois é, menina, largou o marido e os dois filhos e foi fazer não sei o que no interior da Inglaterra.  A Estela? Uma vagabunda. A Viviane deu o golpe do baú, todo mundo sabe, só esqueceram de contar para o pobre do Alceu, que ficou cego e burro depois que caiu nas garras daquela alpinista social.  Eu duvido, du-vi-do que a Raquel não tenha um amante. Ela anda muito feliz ultimamente.  Rita, Estela, Viviane e Raquel são vítimas de Léas, Carlas, Sônias e Cecílias, que por sua vez estão na boca das Terezas, Veras, Dianas e Selmas, que também não escapam do veneno de Cláudias, Patrícias, Lilians e Mauras. Passado o dia internacional da mulher e cessados todos os elogios que merecemos por sermos ativas, guerreiras, amorosas e polivalentes, está na hora de reconhecermos um dos nosso defeitos mortais: a irresponsabilidade verbal.  Falar da vida dos outros é hobby e não apenas feminino, ainda que sejamos nós as maiores adeptas deste esporte. Nem sempre

10 Anos

Exatamente hoje, exatamente neste horário há 10 anos atrás, nasceu o Sempre Soberana. 10 anos de terapia, de desabafos, de alegrias, de coisas engraçadas contatadas e revividas a cada leitura.  Quando o blog era modismo assim ele começou e permaneceu durante todos esses anos, marcando cada momento da minha vida, seja ele doloroso ou feliz.  O tempo passa rápido. A memória vai se apagando. Ainda bem que tenho tudo escrito. Ou quase tudo. A maior parte do que vivi ou está bem escondido num cantinho secreto da minha memória ou está aqui, bem espremidinho nas entrelinhas.  Parabéns ao Sempre Soberana.