Em boca fechada não entra mosquito



Mais uma história que poderia ser da série "Não me faça te pegar nojo".



Em boca fechada não entra mosquito
Eu sou uma pessoa com um senso de humor que muitos estranham. Muitos que não me conhecem. Eu sei que sou assim, como já me disseram: "Não é o que você fala, mas COMO você fala". Isso pra mim é desculpa de pessoa recalcada e complexada que não agüenta ouvir nada. Ou talvez meu humor seja negro, sei lá.
Só sei que por saber que sou assim, eu prefiro muitas vezes ficar caladinha quando estou num ambiente onde ninguém me conhece ainda. Mas ninguém agüenta ficar calada a vida inteira, então de vez em quando, ou quase sempre, eu falo e acabo dando uns forões por conta disso.


Já aconteceu aqui no blog. Chamei a mim mesma e as minhas primas de "vacas" - forma carinhosa de nos comunicar, e um babaca da igreja se doeu e resolveu que, por ser obreiro da Reforma, deveria me dar uma lição de moral, mesmo que anonimamente e com infantilidades. Acabou que a baixaria foi grande. Enfim, o blog é meu, as primas são minhas, e eu falo o que eu quero, como eu quero e quando eu quero. Ninguém tem nada a ver com isso.


No trabalho eu entrei e fui logo oprimida pelo meu feitor. Fizeram me passar pelo teste do ar-condicionado, ou melhor dizendo, teste do frigorífico, e eu não podia me levantar pra fugir do vento gélido, tinha que ficar grudada na cadeira, "produzindo", como uma máquina. Sendo assim, eu era uma pessoa calada, taciturna, quieta, triste. Algumas pessoas acharam que eu era assim mesmo, e quando me viram rindo e brincando estranharam. Fui chamada de "engraçadinha", dê dinheiro, mas não dê ousadia, recebi algumas lições de moral e a vida seguiu.


Eis a conversa que se deu por e-mail, quase na íntegra.


Alguém manda e-mail pras colegas na hora do almoço: "Atenção, atenção, tá quase na hora do almoço. E ponto final".
Outra responde: "Parágrafo: o que acham de 12:15?"
Eu digo: "(vírgula e travessão) Acaba sendo12:30 mesmo pq Fulana sempre se atrasa (hehehe!!!)"
Fulana responde: "Mas olha a audácia da outra... Há um mês atrás nem abria a boca pra falar nada, agora já está querendo dar uma de engraçadinha... É como dizem, dê dinheiro, mas não dê ousadia..."
E eu: "Piu!" (calei a boquinha)


Até aí tudo bem. Outro dia foi melhor.
Uma amiga conta que saiu da academia e foi jantar com o marido. Esqueceu os tênis e acabou indo com a bota do trabalho e a malha da academia, uma coisa linda. Eu, claro, rindo e achando tudo engraçado, brinco na hora do almoço:


"Ainda bem que não foi almoçoar comigo de malha de academia no meio da canela e essa bota de segurança linda!
Porque se fosse assim eu preferia almoçar sozinha".



E a pessoa responde:
"Obrigado pela consideração mas mesmo assim não to nem ai, porque aparência de roupa não quer dizer nada, meus valores não estão na vestimenta muito menos em um par de bota, (quando se gosta da pessoa e reconhece seus valores isso não tem importância ) a não ser que eu estivesse nua.
Quem poderia se incomodar nem ligou, foi o meu maridinho, comi e paguei do mesmo jeito que se estivesse com sapato de ouro."



Eu, de novo, "piu".


E teve mais:
Reclamei que estava fazendo um trabalho chato e o meu colega disse: "Chato é o meu, que tenho que refazer a mesma coisa trilhões de vezes".
Eu respondi: "Colega, está desmerecendo a chatice do meu trabalho?"
Outro colega, se mete na conversa e vem dar lição de moral: "Ele não está dizendo isso. Não deturpe as palavras dele. Eu entendi exatamente o que ele disse e blá-blá-blá".
Ô, colega, se mete não na conversa alheia que não lhe diz respeito!


Mas será que as pessoas ao meu redor são estressadas ou sou eu que não estou entendendo o senso de humor dos outros?


Piu.

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