Como os doramas explodiram minha mente - Capítulo 1

 "Cada um de nós é uma estrela viajando pelo universo. Estrelas que se perderam e vieram parar aqui depois de vagar pelo vasto universo. Não é verdade. Somos estrelas que cruzaram seus caminhos bem aqui neste momento porque passamos muito tempo sentindo falta um do outro. Isso nos torna estrelas milagrosas. As estrelas que viajam pelo céu apenas brilham, elas nunca ficam tristes ou solitárias. Entretanto, nós somos estrelas que às vezes ficam tristes e sós, estrelas com arrependimentos. É isso que nos torna estrelas tão encantadoras". 

(Romance is a Bonus Book)

Sempre gostei de ler. Sempre li todos os livros sugeridos na escola. Nunca fui a que pegava resenha pronta dos colegas pra prova, eu fazia minha própria resenha. Eu lia um livro capa a capa, sem pular uma página. Eu lia um livro atrás do outro. Eu virava noite e dia até acabar um bom livro. Eu lia livros com minha prima em voz alta, cada uma lendo um capítulo por vez, escondidas na sauna da clínica da mãe dela. Eu já li livros mais de uma vez. Li Meu Pé de Laranja Lima mais de quatro vezes e chorei copiosamente em todas as vezes, é o livro mais triste que já li. 

Sempre gostei de escrever. Copiava poemas e trechos de músicas nos meus diários. Decorava Augusto dos Anjos, Cecília Meireles, Clarice Lispector, Florbela Espanca. Separava trechos de Chico Buarque, Guilherme Arantes, Cazuza. Não só esses, mas também Vinícius de Moraes e Caio Fernando Abreu. Escrevia histórias inventadas quando adolescente, páginas e páginas dramáticas e dolorosas datilografadas.

Quando adulta participei de um grupo de amigas também apaixonadas por literatura. Nos encontrávamos uma vez por mês pra ler, comentar e debater determinados autores. Que sorte tê-las encontrado, que azar ter um temperamento tão terrível como o meu e ter encontrado outras com um temperamento tão similar. O grupo pra mim acabou. Sinto falta às vezes, mas mesmo tendo sido convidada a voltar já não fazia mais sentido pra mim no momento. Ou foi só meu orgulho mesmo. 

Até hoje não sei porque resolvi fazer um curso de Exatas. Nunca fui excelente em Física e Matemática, em compensação era ótima em Português. Aliás, eu sei porque escolhi Engenharia, mas não cabe aqui falar.  Era desesperador muitas vezes deduzir fórmulas com tantas letras que não formavam frases. Era deprimente o desperdício a meu ver de tantas letras que não formavam palavras. Era sofrido estudar assuntos tão difíceis, tão abstratos e nada prazerosos. Se me arrependo? Não, de forma alguma. Mas muitas vezes, quase sempre e agora mais, depois de terminar de assistir esse K-drama, me pego pensando se poderia ter sido diferente se eu tivesse escolhido cursar Letras ou algum outro curso da área de Humanas. 

Ainda tenho latente em mim, e de forma dolorosa, uma vontade de ser bem sucedida em algo que eu goste muito de fazer. Sim, eu sei que ser admirado é algo inerente ao ser humano, mas o que quero é admirar a mim mesma, é olhar pra o meu sucesso e me orgulhar, é colher os louros, é sorrir de orelha a orelha. Mesmo já tendo feito uma transição de carreira por me reconhecer como artista, esse desejo ainda não foi saciado. Dá tempo ainda, será, estudar outra área, me dedicar, me esforçar, deixar o medo pra trás, ou ir com medo mesmo?  


 

Comentários

  1. Como sempre os textos são perfeitos. Parabéns. O último parágrafo deixa uma reflexão em aberto.

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  2. Meu pé de laranja lima? Como não chorar? Textos datilografados, diários, colagens, figurinhas, trechos de músicas, etc. Como assim não fizemos Letras, amiga?

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