Eu lembro bem quando ela chegou. Já era noite, eu já estava deitada, mas levantei para abrir a porta para que ela entrasse. Ela estava vestida de astronauta - um casaco de frio pesado demais para o frio ameno do sul da Bahia. A primeira impressão que tive, era que ela parecia mais uma professora de primário do que uma técnica de segurança do trabalho. Muito educada, dizendo sempre boa noite, com licença, por favor, obrigada. Quase pisando em ovos. Como as outras colegas de república não lhe foram muito receptivas, senti que eu deveria tratá-la melhor. Ofereci meu quarto para que ela não dormisse na sala, ofereci minhas panelas e pratos, e passamos a dividir as compras a partir daquele dia. As compras, as conversas, as risadas, as alegrias e até as lágrimas. Dividíamos até o Mah Jong no celular, após o almoço, e as revistinhas de palavras cruzadas que ela trazia sempre que voltava da folga.
Era ela quem sempre me arranjava as caronas para o trabalho. Certa vez me esqueceu por lá, com fome e com raiva. Brigamos, uma das muitas brigas, mas era sempre ela quem dava o braço a torcer, ficava batendo na minha janela, me chamando de Erikazinha, pedindo pra que eu a deixasse entrar e pudesse conversar comigo. Sempre fazíamos as pazes. Dividimos muitas risadas. Muitos passeios. Comprávamos as mesmas sandálias, as mesmas roupas de praia. Tá certo que depois de uma semana, aquela pessoa polida, e educada, virou uma desbocada, cheia de palavrões na boca (risos!), uma louca durante a TPM.
Costumávamos dizer que tínhamos um cabo USB ligando nossas mentes. Não era preciso que eu falasse nada, bastava olhar pra ela, para que tudo fosse entendido. Não era preciso explicar nada, a gente ria só do que imaginávamos.
Engraçado como uma pessoa do interior da Bahia tenha tido uma infância parecida com outra do interior do Rio de Janeiro. Como duas pessoas de regiões diferentes do Brasil tenham tantas semelhanças. Continuo a me surpreender com as amizades que o trecho me trouxe. Inesperadas e especiais. Dizem que é preciso morar com alguém para conhecê-la melhor, e que quase sempre os defeitos se tornam irritantes e insuportáveis com tamanha convivência. Agora, imagine comigo: trabalhar com essas pessoas, morar na mesma casa, passar os finais de semana com elas, fazer os mesmos passeios e programas, e apesar disso tudo, ainda tê-las em alta conta. Diga aí, são ou não são pessoas mais do que especiais? A última vez que vi Thata foi há quase 2 anos atrás, na rodoviária de Teixeira de Freitas. Ela indo de folga e eu indo embora, voltando pra casa. Ela chorando de um lado da grade e eu do outro. Naquele momento eu tive certeza que tínhamos nos tornado mais do que amigas. Irmãs.
Hoje conheci os sobrinhos dessa minha amiga, eles vieram do Rio passar férias com a família do pai, que é daqui de Aracaju. Agora entendo porque a tia babona falava o tempo todo neles, são crianças lindas e apaixonantes!
Clara e Arthur aqui em Aracaju. |
Minha primeira foto com o papai noel, graças a Clara! rs! |
Arthur é uma figurinha com seus 5 anos. |
Amei conhecê-los. A família Drumond ficará guardada no meu coração pra sempre.
Erikazinha!!!!
ResponderExcluirObrigada! Sem palavras para descrever o que estou sentindo... Pense como chorei em ler o texto. Passou um filme na minha cabeça... saudades... e ri muito também!!!!rsrsrs.
Te amo minha irmã! Você é muito especial!!