segunda-feira, 8 de julho de 2024

Geração X

 Para chegar lá era preciso trazer na muamba. do Paraguai. O irmão do meu pai assim fez e então o vídeo cassete chegou na nossa casa, no interiorzão da Bahia, e junto com ele um mundo à parte de histórias. Todo final de semana íamos à locadora pegar uma pilha de filmes e dessa época, anos 80 (quando a gente fala assim é por que está realmente velha?),| tenho ótimas recordações. 

Era a fita que precisava ser rebobinada, era o cabeçote que precisava ser limpo, eram os desenhos que assistíamos incansavelmente, eram as fitas alugadas de Rocky ("Adrian, Adrian"!), Rambo (o bicho era bom! Bastava só ele pra dar fim a qualquer guerra), Jean Claude Van Damme (que abertura de pernas era aquela!) e os nossos preferidos Os Changeman! (Tsurugi, Hayate, Oosora, foram os nossos primeiros crushes asiáticos). Escrevo tudo na primeira pessoa do plural, porque eu não estava só nessas aventuras todas. Eu nem lembrava mais que minha paixão pelo Oriente tinha começado nessa época, aquele "cabelo de telhadinho", a franja caindo na testa já eram motivo de suspiros. 

Os doramas trazem todas essas lembranças e sensações que eu tinha esquecido. Trazem muitas lembranças de mim e dos sonhos que eu tinha. É a nostalgia me trazendo para o presente e reavaliando o trajeto. Em que momento me perdi? Se é que me perdi. E quanto tempo fiquei alienada, alheia a um mundo enorme que tem lá fora, que eu já sabia que existia e que já sonhava conhecê-lo. Quanto tempo fiquei presa por causa de regras, normas de um grupo social limitado. Quanto tempo fiquei presa buscando uma carreira que só me adoeceu. Anos e anos bitolada numa religião onde nunca me encaixei, anos e anos dormindo, acordando e jantando trabalho. Valeu a pena? Sim, tudo vale à pena, mas agora me sinto tão pequena. 



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