O Conquistador Barato


Mais uma da série:
Não me faça te pegar nojo

O Conquistador Barato.

Barato, praticamente de graça, mas quase que eu pago caro por causa dele.

Quem não conhece esses caras que pensam que são gatinhos e se acham no direito de sair cantando toda mulher que passa pela frente? Eu tive o desprazer de conhecer mais um desses seres bizarros e só não vomitei na cara dele porque eu o exterminei antes disso. Vou chamá-lo aqui de "Menininho".

Menininho é pequeno, baixinho, já está com uma cara de velho, mas não é feio. Logo que o conheci achei que ele fosse legal, simpático, comunicativo, sotaque baiano, fala fácil, mas já era cismada com ele porque, apesar de ser casado, pai de dois filhos pequenos, já andava a quase 3 anos enrolando uma amiga bem próxima com promessas de amor eterno.

Menininho certo dia pediu minha câmera digital emprestada e a partir desse dia passou a me ligar sempre pra tirar alguma dúvida sobre o manuseio da máquina. Quase sempre soltava uma brincadeira tipo: "Quer casar comigo?" - até então eu levava tudo na brincadeira, mas Menininho passou dos limites: mandou flores para o meu trabalho.

Flores cor-de-rosa com um cartão sem assinatura com os seguintes dizeres: "Que esta flor possa levar mais alegria neste dia e florescer o coração desta engenheira encantadora". Lindo, não? Profundo. Comovente. Eu fiquei nervosa e os colegas de trabalho tiraram a maior onda.

Menininho ficou empolgado e passou a me ligar de 10 em 10 minutos. Eu fugi. Ele reclamou. Reclamou com fala mansa e implorando: "Por favor, não fuja de mim, eu amo você (ele já estava me amando!), sua boca é linda, quero beijá-la, seu corpo é maravilhoso, você é linda demais!"

Menininho apelou, já estava baixando o nível, com perguntas indiscretas, e queria um encontro a dois, disse que eu precisava viver um relacionamento de verdade, querendo dizer que meu namoro era de fachada. Menininho se lenhou comigo. O que é isso? Ele queria manter seu casamento e ainda ter um caso com duas amigas ao mesmo tempo? Pra cima de "moá"?

Só uma observação: Eu sou gente ruim. Ruim, não, gente péssima. O sacana que der em cima de mim e quiser ficar comigo mentindo, escondendo a namorada, ou a esposa, ou que me trair covardemente, ou quiser trair alguma amiga minha comigo, se prepare, porque eu vou direto, certinho, na jugular, e ainda assisto até a última gota de sangue respingando, o cara estrebuchando, e tudo isso sem dó nem piedade. Conto pras respectivas traídas ou traidoras, abro o jogo. Vou na categoria, obviamente, porque sou Top, mas não sou idiota. E foi o que fiz. Analisei a situação e decidi que o melhor seria contar pra minha amiga. Esta ao saber, fechou com a peruca dele.

O que Conquistador Barato fez? Defendeu-se com lágrimas e expressões teatrais, disse que EU tinha alimentado esperanças, que ELE é quem estava arrependido desde o começo disso tudo, que não sabia o que fazer porque um clima tinha rolado entre a gente, mas não queria magoar ninguém, que minha amiga era a mulher dos sonhos dele, que ele queria ser feliz, mas não sabia como, que era incompleto, que seu casamento era um fiasco, e que só ela lhe completava e que eu... "Ah, ela foi tão ingênua a ponto de achar que eu queria alguma coisa com ela?"

É mole? Pelo menos eu não caí no conto do vigário, ou melhor, do palhaço. E quem quiser comprá-lo, que compre. Desse sim, eu peguei o maior nojo.

Capítulo anterior:30/09/05

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