O inimigo sussurra palavras de derrota ao meu ouvido. Mesmo sabendo que é um sonho, não consigo acordar. Certa noite não conseguia dormir e vi quando ele entrou no meu quarto. Acendeu a luz da sala, ligou a televisão, entrou sorrateiramente. Aproximou-se do pé da cama, deu a volta até o lado direito, depois retornou e passou para o meu lado. Chegou muito perto de mim. Olhou-me sem olhos. Tentei gritar, não consegui. Meu bem me acordou, tocando em meu ombro: "Por que gritou palavras de repreensão em nome de Jesus"?

Jesus. Por mais que eu queira me aproximar a correnteza sempre me leva no sentido contrário. O estar perto. A comunhão. A igreja. Eu só queria estar lá.

Por mais duas vezes o inimigo me visitou. Torceu meu braço, me insultou. Uma vez meu irmão me socorreu ao ouvir meus gritos. Outra vez consegui tirá-lo de cima de mim empurrando-o com os dois pés. Fiquei encolhida na cama e o ventilador caído no chão.

O inimigo zomba de mim. Ele conhece as minhas fraquezas. Olho no espelho e vejo todos os meus cabelos caídos no chão. A imagem de uma mulher careca, ou de uma formiga grande com olhos inchados de chorar.

E o inimigo ri, balançando as mãos como um louco demente. Olho, indignada, balanço a cabeça e digo: "Não tem a menor graça. Brincadeira tem limite, brincadeira tem limite".

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