sexta-feira, 27 de maio de 2016

Guerreiros que leem poesias


 

"Lutam melhor aqueles que têm sonhos belos. Somente aqueles que contemplam a beleza são capazes de endurecer sem nunca perder a ternura. Guerreiros ternos. Guerreiros que leem poesias. Guerreiros que brincam como criança".

(Rubem Alves)

quinta-feira, 12 de maio de 2016

Tchau, minha querida

Dia desses li um texto de uma renomada escritora sobre o uso frequente de uma palavra tão doce como 'querida' de forma pejorativa e de como era ruim não poder mais usar essa palavra sem parecer irritada ou debochada porque, pode apostar, se a pessoa usou o termo querida ela ou está sem paciência ou tratando a outra com escárnio. Já os homens quando se referem uns aos outros como queridos o apreço parece genuíno ("Fala meu querido, vai chegar lá no bar hoje?"). Mais do que adversária política, Dilma é mulher. E como mulher foi atacada como todas nós somos quando incomodamos alguém: "aquela puta", "vaca", "piranha", "mal amada", "isso só pode ser falta de piru", "a tortura foi pouco" e outras barbaridades. Com a sua imagem simularam um adesivo de carro com suas pernas abertas indicando um estupro, com a sua imagem simularam queima na fogueira (alguém ainda lembra da Inquisição?), seus discursos foram ridicularizados e sua aparência julgada dia e noite, noite e dia. Ela emagreceu a olhos vistos e suas olheiras já lhe pesam o rosto. Dilma tem 70 anos, ela poderia ser minha avó. Ou sua. Você consegue imaginar alguém tratando a sua avó dessa forma? Parece doentio e bizarro, e de fato é. Não importam seus motivos para odiá-la (repare a banalização do ódio), você diz que odeia todos os bandidos e ladrões, mas não vejo ninguém chamando o Cunha de bruxo, brocha, vadio, crápula ou mal caráter (aliás, pra atacar o Cunha foi bem comum usarem a imagem da mulher dele para ridicularizá-lo). Contra a imagem e a reputação da Dilma fizeram o que puderam. Xingaram, humilharam, pisotearam, ameaçaram, e até uma conversa informal com um velho amigo que a chamava de querida foi motivo para usarem contra ela. Eu senti muito afeto na voz do amigo ao se dirigir a ela, um apreço verdadeiro e até mesmo pontadas de preocupação. Não tardou a usarem o bordão 'Tchau, querida' para continuarem a chicoteá-la em praça pública. Dilma, minha querida, você daqui a pouco não será mais a minha presidente, mas com certeza sai dessa lama que te envolveram com a dignidade e a força de uma guerreira. Politicamente, você errou muito, porém nenhum desses erros subtraem a mulher que você é. E como mulher, eu sinto sua dor e no meio de tanto ódio envio meu amor. E de um jeito carinhoso eu e milhares de mulheres enchemos nossas bocas e nossos corações para lhe dizer: fica com Deus, minha querida. A gente ainda se vê por aí.

(Tchau, minha querida, por Natalia Alves. Mas queria que eu tivesse escrito)

quarta-feira, 11 de maio de 2016

Tchau, queridos!

Para registrar um momento histórico e triste da política brasileira.


"Demorou, foi difícil aceitar e conviver, mas está chegando a hora dos pobres voltarem ao seu lugar. Ninguém aguentava mais aeroportos cheios como rodoviárias, que absurdo pobre voando. Congestionamentos imensos nas grandes cidades, culpa desse governo comunista que criou condição de pobre ter carro, onde já se viu? Pobre tem que andar de ônibus ou a pé. E nas universidades, além de pobres, pretos. Universidade não é lugar de preto, porque não ficam nas favelas? Gastaram nosso dinheiro financiando a juros baixos milhões de apartamentos para pobres, outro absurdo. Porque não ficam nos morros e nas áreas de risco? Porque querem se misturar conosco? Bolsa Família? Dinheiro que sustenta pobre que agora nem quer mais trabalhar. Ninguém pode mais nem ter uma empregada doméstica porque a infeliz ganhou desse governo imundo o direito de ter carteira assinada e CLT. Tomara que já privatizem tudo e acabem logo esses malditos concursos públicos, já viram a quantidade de pretos e pobres nas repartições públicas? Quem aguenta isso? Graças a Deus vem aí Michel Temer ao lado do PSDB/PMDB e da FIESP. Pobre voltará a ser pobre e não vai mais se meter a besta. Já tinha passado da hora. Já estavam se achando de classe média. Tchau queridos"!!!

Autor: Eduardo Carvalho

quarta-feira, 4 de maio de 2016

Ela queria acreditar


 "Não, ela não era tola. Mas como quem não desiste de anjos, fadas,

cegonhas com bebês, ilhas gregas e happy ends cinderelescos, ela queria
acreditar".

(Caio Fernando Abreu)