Dia desses li um texto de uma renomada escritora sobre o uso frequente de uma palavra tão doce como 'querida' de forma pejorativa e de como era ruim não poder mais usar essa palavra sem parecer irritada ou debochada porque, pode apostar, se a pessoa usou o termo querida ela ou está sem paciência ou tratando a outra com escárnio. Já os homens quando se referem uns aos outros como queridos o apreço parece genuíno ("Fala meu querido, vai chegar lá no bar hoje?"). Mais do que adversária política, Dilma é mulher. E como mulher foi atacada como todas nós somos quando incomodamos alguém: "aquela puta", "vaca", "piranha", "mal amada", "isso só pode ser falta de piru", "a tortura foi pouco" e outras barbaridades. Com a sua imagem simularam um adesivo de carro com suas pernas abertas indicando um estupro, com a sua imagem simularam queima na fogueira (alguém ainda lembra da Inquisição?), seus discursos foram ridicularizados e sua aparência julgada dia e noite, noite e dia. Ela emagreceu a olhos vistos e suas olheiras já lhe pesam o rosto. Dilma tem 70 anos, ela poderia ser minha avó. Ou sua. Você consegue imaginar alguém tratando a sua avó dessa forma? Parece doentio e bizarro, e de fato é. Não importam seus motivos para odiá-la (repare a banalização do ódio), você diz que odeia todos os bandidos e ladrões, mas não vejo ninguém chamando o Cunha de bruxo, brocha, vadio, crápula ou mal caráter (aliás, pra atacar o Cunha foi bem comum usarem a imagem da mulher dele para ridicularizá-lo). Contra a imagem e a reputação da Dilma fizeram o que puderam. Xingaram, humilharam, pisotearam, ameaçaram, e até uma conversa informal com um velho amigo que a chamava de querida foi motivo para usarem contra ela. Eu senti muito afeto na voz do amigo ao se dirigir a ela, um apreço verdadeiro e até mesmo pontadas de preocupação. Não tardou a usarem o bordão 'Tchau, querida' para continuarem a chicoteá-la em praça pública. Dilma, minha querida, você daqui a pouco não será mais a minha presidente, mas com certeza sai dessa lama que te envolveram com a dignidade e a força de uma guerreira. Politicamente, você errou muito, porém nenhum desses erros subtraem a mulher que você é. E como mulher, eu sinto sua dor e no meio de tanto ódio envio meu amor. E de um jeito carinhoso eu e milhares de mulheres enchemos nossas bocas e nossos corações para lhe dizer: fica com Deus, minha querida. A gente ainda se vê por aí.
(Tchau, minha querida, por Natalia Alves. Mas queria que eu tivesse escrito)
(Tchau, minha querida, por Natalia Alves. Mas queria que eu tivesse escrito)
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