"Há um poema que diz que para entender, perdoar e amar as pessoas, é preciso observá-las de longe por um tempo. Quando fazemos isso, não precisamos tentar entender, perdoar ou amá-las. Ao nos deparar com a solidão delas, sentiremos empatia sem nem perceber. Eu concordo, é quando entendemos a solidão do outro que o amor começa".
(k-drama Isso se Chama Amor/ Call It Love. ep. 1)
A solidão eu conheci aos 17 anos. Ter muitos amigos na escola e viver grudada neles o dia todo me trouxe coragem pra sair da minha cidade natal e fazer vestibular em uma capital. Eu não sabia pegar um coletivo, não sabia comprar um pão, mas vim. Vim porque eu tinha como certa a companhia das minhas primas, já que ia morar com um tio, uma delas estava na mesma casa e a outra no mesmo condomínio. Minhas primas-irmãs e amigas. Antes distante, trocávamos cartas cotidianamente. Nas férias era certo estávamos juntas por um mês ou mais. Vim, corajosa, destemida e certa que ia ser divertido. Cheia de ilusões.
Logo na minha chegada uma das minhas primas anuncia uma gravi. dez na adolescência. 15 anos. Já uma lacuna entre nós duas iniciada. Ela precisou se casar e o novo marido veio morar na mesma casa que eu estava. O clima pesado da situação era palpável. Meu tio, rígido, obreiro de igreja, parecia estar sempre triste. A memória que tenho dessa época é somente ele sentado no sofá da sala, calado, pensativo. A gestação da minha prima-irmã-amiga foi a primeira ruptura. Um afastamento. Sussurros que percebia em todos os lugares da casa. Todos calados. Eu isolada.
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