Ontem eu sentadinha com mainha assistindo futebol na TV (eu estava bordando e só ela assistia, reclamando que não saía gol nenhum), conversávamos sobre a vida, contando "causos" e relembrando histórias.

Conversa vai, conversa vem, lembrei que quando eu era criança pequena lá em Paulo Afonso, no caminho pra escola a gente passava pelo hospital e por um lugar chamado "A Pedra" que ficava um pouco antes da "Ponte". Imagine o ambiente: "A Pedra" era uma casinha, tipo uma capela com apenas uma pedra de mármore no centro e onde se colocavam as pessoas que morriam antes da funerária ou dos parentes virem buscar. "A Pedra" ficava numa rua deserta, nos fundos do Hospital, em frente a um riozinho cheio de mato e árvores que quase sempre estavam secas. Já "A Ponte" era um lugar famoso por ser o reduto de tarados e maníacos sexuais, e onde menina nenhuma passava sozinha sem se tremer ou correr, a hora que fosse do dia.

Os guris quando iam pra escola, antes de chegar na Ponte, sempre queriam passar na Pedra e ver se tinha algum defunto -"Vamo lá ver o morto!" - e eu nunca tive coragem de ir. Fiquei com isso na cabeça a minha vida inteira e posso fechar os olhos e ver todo local sem nunca ter pisado os pés lá. Seria isso um caso pra análise?

Cometava isso com minha mãe que me aconselhou: "Ah, minha filha, você precisa pegar num defunto ou no pezinho de um anjinho no caixão pra perder esse medo!"
Repare se isso é conselho pra uma mãe dar. Se eu não gosto nem de ver, quanto mais de pegar! E ela ainda acrescentou: "Quando eu soube que mataram Dimas (um cara conhecido que já tinha sido jurado de morte há tempos) eu fui correndo na Pedra pra ver. Ele estava todo ensangüentado, peguei no braço dele e ainda estava quentinho!".

º º
O

Quase desmaiei só de ouvir! Será que vai ser preciso tanto sacrifício pra não se ter mais agonia em ver pessoas mortas? Sei não, viu. Pegar em pé de morto? Uuuuuhhhhhh!!!!!

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