Sempre a mesma coisa

“Tudo é sempre a mesma coisa, o mesmo jeito, toda vez.
Tudo é muito relativo e a distância já nos fez.
Somos serra e litoral, nosso final é simples: tchau”!
(Catedral)


Chove lá fora, mas aqui dentro está muito quente.
Tento, sabendo que é em vão, recuperar o tempo que perdi em noites mal dormidas, em manhãs de sono, em sonhos quase pesadelos, em pensamentos desnecessários, em sentimentos dilacerados, em espera inútil, em desânimo mórbido. Em vão. O tempo perdido nunca mais é recuperado. Faço o que tenho que fazer e descubro que ainda tenho muito a resolver. Lamento mais ainda ter perdido tempo com o nada, achando que mais nada eu tinha a fazer.

Ainda a mesma mania de fazer várias coisas ao mesmo tempo, e assim assisto um filme, escrevo minha monografia, ouço músicas escolhidas com letras direcionadas pra mim e pra alguém, sinto saudade.

Lembro de tanta coisa passada, lembro do que foi interrompido, das risadas quebradas, do idealismo estúpido. Lembro da neblina vista da janela do sobrado na madrugada daquele interior tão calmo e me sinto sufocar.

Lembro também do tempo que não vivi e dos dias que pareciam não ter horas, onde tudo era igual, onde eu só dormia, tomava remédios e ia ao banheiro, intercalando esses momentos com vários exames, idas a vários médicos e a espera por alguém que nunca voltou. Mas isso foi há alguns meses. Sim, o tempo é relativo, mas existem as horas para contá-lo e tudo passa. Ou quase tudo.

Sinto um medo paralisante, medo de não conseguir o que quero, de ficar doente novamente, de perder mais uma vez.

Vontade de voltar a trabalhar, de ver gente, rir, conversar, produzir, ser útil outra vez, se algum dia eu fui. Vontade de crescer, mudar, corrigir os defeitos, fazer diferente. Deixar de dizer e fazer tudo igual. Deixar a mesmice de sentimentos pra trás. Mas, - incoerência! - sinto vontade de encontrá-lo novamente, só pra nada dizer, apenas olhar em seus olhos e sorrir.

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