quarta-feira, 25 de março de 2015

Vinte e Cinco

Toda mulher leva um sorriso no rosto e mil segredos no coração.
Clarice Lispector 

 E o amor?, você me pergunta. O amor, ah, sei lá. O amor nem dá pra definir direito. Acho que é um desejo de abraçar forte o outro, com tudo o que ele traz: passado, sonhos, projetos, manias, defeitos, cheiros, gostos. Amor é querer pensar no que vem depois, ficar sonhando com essa coisa que a gente chama de futuro, vida a dois. Acho que amor é não saber direito o que ele é, mas sentir tudo o que ele traz. É você pensar em desistir e desistir de ter pensado em desistir ao olhar pra cara da pessoa, ao sentir a paz que só aquela presença traz. É nos melhores e piores momentos da sua vida pensar preciso-contar-isso-pra-ele. É não querer mais ninguém pra dividir as contas e somar os sonhos. É querer proteger o outro de qualquer mal. É ter vontade de dormir abraçado e acordar junto. É sentir que vale a pena, porque o amor não é só festa, ele também é enterro. Precisamos enterrar nosso orgulho, prepotência, ciúme, egoísmo, nossas falhas, desajustes, nosso descompasso. O amor não é sempre entendimento, mas a busca dele. Acho que o amor não é o caminho mais fácil, pois mais fácil seria dizer a-gente-não-se-entende-a-gente-não-combina-tchau-tchau. O amor é uma tentativa eterna. E se você topar entrar nessa saiba que o amor encontrou você. 

Porque 25 sempre foi nosso.

sexta-feira, 20 de março de 2015

Por muito pouco

E quem pode comigo quando eu digo tudo o que sinto?

Caio Fernando Abreu

Por muito pouco eu quase esqueci o quanto você é do mal. Ao seu redor uma aura negativa, um círculo de pessoas negativas, falsas e mentirosas, assim como você. Você, com sua vozinha mansa e modos polidos, dissimulado. Por um momento eu quase esqueci que perto de você são só trevas que inundam e roubam minha luz, me entristecem, me deixam pra baixo. Armadilha que conheço bem e que, por muito pouco, quase caio novamente.

quinta-feira, 5 de março de 2015

Dez para as seis

"Acordar às dez para as seis da manhã rende. Rende uma vista, pela janela do quarto, de um dia entreaberto, meio claro, meio escuro. Rende um cafezinho quentinho e um silêncio que diz muito. Rende boas cinco ou seis folhas de resumo da minha leitura. Rende um banho de creme nos cabelos. Rende uma brecha de sol por entre as folhas da mangueira da casa vizinha. Rende mais umas duas xicarazinhas de café. Rende os desejos de feliz aniversário ao amigo. Rende a esperança de um ótimo dia de trabalho. Rende umas primeiras linhas escritas neste ano".

Renata Pires Rocha

Queria mesmo que rendesse tanto. Acordar às dez para as seis rende mesmo é uma correria grande porque se acordou muito, mas muito atrasada. E em São Paulo o povo tá fazendo rave antes do serviço. Às 9 horas estão curtindo os embalos da segunda de manhã para ir trabalhar às 10:30. Rum, 10:30, a obra tá bombando pra gente e pião tá pensando já no almoço.  Na vida de gente de obra, acorda-se cedo e dorme-se tarde, tem isso de banho de creme nos cabelos não, deixa pra o final de semana, se não tiver trampo, e a leitura fica atrasada, a fila de livros cresce e mesmo assim, chega-se ao final da semana com um gosto de missão cumprida. 

domingo, 1 de março de 2015



"Quem está acostumado a ouvir mentiras e a estar no meio de gente falsa, não reconhece quem é de verdade. Mas a vida sempre mostra quem é quem".