Dez para as seis

"Acordar às dez para as seis da manhã rende. Rende uma vista, pela janela do quarto, de um dia entreaberto, meio claro, meio escuro. Rende um cafezinho quentinho e um silêncio que diz muito. Rende boas cinco ou seis folhas de resumo da minha leitura. Rende um banho de creme nos cabelos. Rende uma brecha de sol por entre as folhas da mangueira da casa vizinha. Rende mais umas duas xicarazinhas de café. Rende os desejos de feliz aniversário ao amigo. Rende a esperança de um ótimo dia de trabalho. Rende umas primeiras linhas escritas neste ano".

Renata Pires Rocha

Queria mesmo que rendesse tanto. Acordar às dez para as seis rende mesmo é uma correria grande porque se acordou muito, mas muito atrasada. E em São Paulo o povo tá fazendo rave antes do serviço. Às 9 horas estão curtindo os embalos da segunda de manhã para ir trabalhar às 10:30. Rum, 10:30, a obra tá bombando pra gente e pião tá pensando já no almoço.  Na vida de gente de obra, acorda-se cedo e dorme-se tarde, tem isso de banho de creme nos cabelos não, deixa pra o final de semana, se não tiver trampo, e a leitura fica atrasada, a fila de livros cresce e mesmo assim, chega-se ao final da semana com um gosto de missão cumprida. 

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