sábado, 29 de dezembro de 2007

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007


Sinto a falta dele como se me faltasse um dente na frente: excruciante".
(Clarice Lispector)

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

"Viagem boa, Riobaldo. E boa-sorte"...
(G. S. Veredas, p.52). 

Prometi que não ia contar cada dia até ele voltar. Ainda bem que já se passou quase 1 dia. Faltam só 31. Por que dessa vez o mês vai durar 32 dias? Coisa estranha...
Prometi que não ia chorar muito, mas quando ele disse "amo você", me beijou no portão e virou as costas entrando no táxi, o nó apertou. Tive que afrouxá-lo. Chorei, olhando pra um milhão de estrelas no céu ainda escuro, pra não perder a coragem de sonhar.
Tive sonho ruim. Acordei com gosto de morte na boca. E agora quem vai salvar a minha vida nesse final de ano e início do próximo? Ainda mais agora que o mês vai durar muito mais...
É, mais um ano acabou. Ainda estou viva. Pelo menos sei que ainda respiro. Não sinto vontade de fazer o balanço final. Pelo menos hoje não. Mas sinto vontade de mudar, mudar o cabelo, mudar de cidade, mudar de vida, fazer só o que gosto, cuidar de mim, porque foi o que ele me pediu, porque eu preciso. Preciso pedir perdão a Deus por ter cometido pecados tão graves esse ano. Tomara que no próximo ano você seja mais obediente, menina.

"Já que você não está aqui, o que posso fazer é cuidar de mim. Quero ser feliz ao menos"...

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

En el muelle de San Blas

És precária e veloz, Felicidade.
Custas a vir e, quando vens, não te demoras.
Foste tu que ensinaste aos homens que havia tempo,
e, para te medir, se inventaram as horas.

Felicidade, és coisa estranha e dolorosa:
Fizeste para sempre a vida ficar triste:
Porque um dia se vê que as horas todas passam,
e um tempo despovoado e profundo, persiste.
(Epigrama n. 2- Cecília Meireles)

Antes eu conseguia rir da minha própria desgraça, hoje não mais.
Sei que tudo concorre para o bem dos que amam a Deus, mas quando uma coisa atrás da outra começa a dar errado, o riso murcha e mangar de mim mesma perde a graça. Difícil até levantar da cama por não ter forças.

Felicidade são as poucas horas em que posso sentir o seu leve respirar, tem um cheiro tão bom. Bom também é quando ele ri das besteiras que eu falo, e depois repete mil vezes como se fosse a coisa mais linda que já tenha ouvido. Lindo ouvi-lo repetir: "Gosto muito de você", mesmo que lá no fundo meu ceticismo grite que não é verdade. E lá vai ele pra tão longe. A única coisa muito boa que me aconteceu nesses últimos 4 meses vai se afastar de mim. Espero que volte, mas também não quero esperar feito a Louca do Cais*.

Pena que toda alegria seja assim: já venha embrulhada numa tristezinha de papel fino, como disse Millôr Fernandes. Fazer o quê?

*Texto escrito no falido blog Tops de Linha em 20 de março de 2004:

"Lembrei de uma música do Maná: `En el muelle de San Blas`, cuja tradução de `minha própria autoria` é: `A louca do cais`. Sinta o drama!

A mulher se despediu do amor. Ele partiu num barco do porto de San Blas. Ele jurou que voltava. Ela chorando feito uma condenada, jurou que esperava. Aí, já sabe, se eles não ligam no dia seguinte, imagine esse cara no meio do mar... bom, milhares de luas se passaram e a retardada sempre estava lá, no cais do porto esperando... com o mesmo vestido, que era pra ele não se confundir.
Os caranguejos mordiam a sua roupa, sua tristeza, sua ilusão (quase que eu sentia pena dela nessa hora)... e o tempo passou... e os seus olhos se encheram de amanheceres... e acabou apaixonada pelo mar, a ponto de criar raízes... sozinha... sozinha no esquecimento, com seu espírito, com seu amor, o mar, no cais de San Blas...
O doida ficou velha, o cabelo ficou branco, e lá, mas nenhum barco devolvia seu amor. Lá na cidadezinha passaram a chamá-la de A doida do cais (eu já chamo desde o início da história). A mulher virou atração no lugarejo, mas sempre tem alguém com bom senso pra acabar com a festa, e numa tarde de abril, tentaram levá-la para um manicômio. Você pensa que ela foi? É ruim, hein? Nínguém conseguiu arrancá-la de lá e do mar ela nunca mais se separou.
Sozinha... sozinha no esquecimento, com seu espírito, com seu amor, o mar, no cais de San Blas...
Sozinha no esquecimento...
Sozinha com seu espírito...
Sozinha com seu amor, o mar... a bichinha...
Jacaré apareceu? O amor dela também não. E é aí que o cantor canta gritando:

`Se quedo, se quedo, sola, sola
Se quedó, se quedó, con el sol y con el mar
Se quedo ahi, se quedo hasta el fin
Se quedo ahi, se quedo en el muelle de San Blas
Sola, sola se quedo`...

História triste... mas tem muita mulher por aí assim, meio louca do cais...

Falei e Disse".

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Momento agorafóbico



(Teimosamente falo sobre o assunto, mas as vezes é bem melhor ficar calada)

Bb, sabe quando você me pergunta pra onde eu vou quando terminar o curso? 
Sim...
Eu sempre reluto em responder e te digo que talvez volte pra Aju, mas não é verdade, não é o que eu quero... eu não vou voltar pra lá... nem vou ficar aqui... eu vou voltar pra obra.
Vai voltar pra obra de onde veio? Ou pra outra? Qual obra?
Não sei qual, não sei pra onde, mas quero ir pra não ter que morar mais sozinha. A colega (a que me chama de "minha magrelinha") sempre me disse que me leva pra onde ela for, me leva debaixo do braço mundo afora, e eu vou. Mandaram umas fotos de Coari, me convidaram, e eu tenho coragem de ir.
Onde é Coari?
É no Amazonas, a obra de Manaus, meu bem.

Ele ficou um tempo em silêncio pra depois dizer:

Por mais que eu não concorde, vou sempre respeitar o seu direito de agir e pensar, e estarei sempre torcendo por você. 

Não era bem o que eu queria ouvir, mas quis explicar...

Entenda: minha mãe tem meu pai (a quem ela chama de "preto"), meu irmão tem a namorada (a quem chama de "Chuchu"), minhas primas têm seus filhos e sobrinhos, você tem uma família grande pra cuidar e luta pra ficar perto dela (o que seria bem longe de mim)... eu não tenho ninguém, não quero mais morar sozinha.

Lembrei (pensando apenas) que mudar pra Esplanada foi muito bom pra mim e me marcou bastante, porque eu nunca estava sozinha. Às vezes sonho que estou lá, nas ruas frias de paralepípedo, na casa verde com bosque no quintal de onde eu via um pôr-do-sol frio. Eu tinha a Colega, tinha Isolda com sua iogurteira que tocava sempre às 3 da manhã, e tinha tb a Rê, que não conversava muito comigo, mas a presença dela era suficiente. Eu tinha Jane e tinha também André, que me fazia rir o tempo inteiro, o único que ria 7 vezes da mesma piada que eu contava. Tinha os meninos da sala com quem eu brincava (só n sinto falta daqueles que eram bem grosseiros comigo. Recalcados, com certeza). Tinha também as festinhas e os jantares, mesmo os que eu não fui convidada, mas eu sabia que se eu quisesse eu tinha pra onde ir.

É por isso que tenho vontade de voltar a trabalhar em obra, bom ou ruim, pelo menos tá todo mundo na mesma situação, tem mais é que se unir. É pra lá que eu quero ir.

E depois de tentar fazê-lo entender, querendo que pelo menos ele dissesse que eu tinha a ele, limitou-se a responder:

- Você é muito dramática, bb. Como os morangos do dia-a-dia e viva.

Falou assim soando tanta incompreensão. Chorei fortão. Ninguém entende mesmo. O problema maior de se sentir sozinha é que, ironicamente, ninguém, mas ninguém mesmo tem nada a ver com isso.

Piu.

E hoje se completa mais um mês na companhia dele. 4 no total. Diz ele que eu sou "mágica". rs!

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

E tudo era muito para um coração de repente enfraquecido que só suportava o menos, só podia querer o pouco aos poucos.
Clarice Lispector

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Despedir dá febre.

"Despedir dá febre." 
(Guimarães Rosa - Grande Sertão Veredas)

Vivo queimando constantemente a 40 graus. Ah, essa minha mania de ser romântica! De achar que cada encontro é uma despedida. Até quando, não sei.

Ontem, com uma tpm desgraçada, eu queria mais era matar cada vendedor ambulante que entrava gritando seus produtos dentro do ônibus, me tirando da absorção dos meus vãos pensamentos. Mataria, faria uma favor a mim e à sociedade. Só aqui mesmo em Salvador que tem isso, nunca vi em lugar nenhum. Coisa de baiano. Mataria meu chefe também, que ontem teve um ataque por causa de uma simples chave. Mataria a mim mesma só pra provar pra meu bb que eu não sou dramática, só pra provar que sofro com minha agorafobia e meu transtorno obsessivo compulsivo por cores. Deixaria ele de "cabeça ruim", só pra me vingar da falta de carinho e atenção com os meus problemas. Humpf!
Isso me lembra que ganhei dele um tênis lindo - preto com rosa, e só consigo usar com a malha de academia cor de rosa. Juro que tentei, mas rosa não combina com o azul das minhas outras roupas, nem com o verde... e eu só tenho uma malha rosa... e eu quero meus 7 kg de volta. Quero mesmo.

(...)

Ah, eu queria também morar numa casa onde pudesse ouvir de tarde os som das folhas balançando nas árvores. Onde eu pudesse criar um gato pra me fazer companhia com seus olhos grandes e tristes. Porque todo gato tem mesmo um olhar meio triste, não acha?