Momento agorafóbico



(Teimosamente falo sobre o assunto, mas as vezes é bem melhor ficar calada)

Bb, sabe quando você me pergunta pra onde eu vou quando terminar o curso? 
Sim...
Eu sempre reluto em responder e te digo que talvez volte pra Aju, mas não é verdade, não é o que eu quero... eu não vou voltar pra lá... nem vou ficar aqui... eu vou voltar pra obra.
Vai voltar pra obra de onde veio? Ou pra outra? Qual obra?
Não sei qual, não sei pra onde, mas quero ir pra não ter que morar mais sozinha. A colega (a que me chama de "minha magrelinha") sempre me disse que me leva pra onde ela for, me leva debaixo do braço mundo afora, e eu vou. Mandaram umas fotos de Coari, me convidaram, e eu tenho coragem de ir.
Onde é Coari?
É no Amazonas, a obra de Manaus, meu bem.

Ele ficou um tempo em silêncio pra depois dizer:

Por mais que eu não concorde, vou sempre respeitar o seu direito de agir e pensar, e estarei sempre torcendo por você. 

Não era bem o que eu queria ouvir, mas quis explicar...

Entenda: minha mãe tem meu pai (a quem ela chama de "preto"), meu irmão tem a namorada (a quem chama de "Chuchu"), minhas primas têm seus filhos e sobrinhos, você tem uma família grande pra cuidar e luta pra ficar perto dela (o que seria bem longe de mim)... eu não tenho ninguém, não quero mais morar sozinha.

Lembrei (pensando apenas) que mudar pra Esplanada foi muito bom pra mim e me marcou bastante, porque eu nunca estava sozinha. Às vezes sonho que estou lá, nas ruas frias de paralepípedo, na casa verde com bosque no quintal de onde eu via um pôr-do-sol frio. Eu tinha a Colega, tinha Isolda com sua iogurteira que tocava sempre às 3 da manhã, e tinha tb a Rê, que não conversava muito comigo, mas a presença dela era suficiente. Eu tinha Jane e tinha também André, que me fazia rir o tempo inteiro, o único que ria 7 vezes da mesma piada que eu contava. Tinha os meninos da sala com quem eu brincava (só n sinto falta daqueles que eram bem grosseiros comigo. Recalcados, com certeza). Tinha também as festinhas e os jantares, mesmo os que eu não fui convidada, mas eu sabia que se eu quisesse eu tinha pra onde ir.

É por isso que tenho vontade de voltar a trabalhar em obra, bom ou ruim, pelo menos tá todo mundo na mesma situação, tem mais é que se unir. É pra lá que eu quero ir.

E depois de tentar fazê-lo entender, querendo que pelo menos ele dissesse que eu tinha a ele, limitou-se a responder:

- Você é muito dramática, bb. Como os morangos do dia-a-dia e viva.

Falou assim soando tanta incompreensão. Chorei fortão. Ninguém entende mesmo. O problema maior de se sentir sozinha é que, ironicamente, ninguém, mas ninguém mesmo tem nada a ver com isso.

Piu.

E hoje se completa mais um mês na companhia dele. 4 no total. Diz ele que eu sou "mágica". rs!

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