sexta-feira, 27 de dezembro de 2024
Na noite
sexta-feira, 27 de setembro de 2024
Amor e seu tempo - Carlos Drummond de Andrade
estendidos na mais estreita cama,
que se torna a mais larga e mais relvosa,
roçando, em cada poro, o céu do corpo.
É isto, amor: o ganho não previsto,
o prêmio subterrâneo e coruscante,
leitura de relâmpago cifrado,
que, decifrado, nada mais existe
valendo a pena e o preço terrestre,
salvo o minuto de ouro no relógio
minúsculo, vibrando no crepúsculo.
Amor é o que se aprende no limite,
depois de se arquivar toda a ciência
herdada, ouvida. Amor começa tarde.
quarta-feira, 4 de setembro de 2024
Agust D Ft. Ryuichi Sakamoto & WOOSUNG 'Snooze'
sexta-feira, 23 de agosto de 2024
O passado
sábado, 3 de agosto de 2024
sábado, 27 de julho de 2024
Despedida
sexta-feira, 26 de julho de 2024
Dvwn (다운) - Still (이두나! OST) Doona!
quarta-feira, 24 de julho de 2024
Velho, não, entardecido.
"Velho, não.
Entardecido, talvez.
Antigo, sim.
Me tornei antigo
porque a vida,
tantas vezes, se demorou.
E eu a esperei
como um rio aguarda a cheia".
(Mia Couto)
Ela casou tarde e por isso nunca teve filhos.
Ela ficou viúva muito cedo. Acho que foi seu primeiro e único namorado, então experiência não teve.
Ela agora já é idosa, não quer revelar a idade, mas aqui eu digo, ela já completou 80 anos.
A pele e o rosto já não são mais jovens, viçosos e cheios de colágeno. Mas o coração ainda quer e espera por um amado.
Alguns fragmentos de esperanças, algumas falsas ilusões.
O etarismo é doloroso e categorizar a vida de pessoas pela sua idade me parece uma atitude covarde. Por que o amor tem idade? Por que se sentir amada é só privilégio de determinada faixa etária?
Nos meus 20 e poucos anos era bombardeada por cobrança de um casamento. Falavam "você está velha, precisa arranjar um namorado para casar antes dos 30". Casei aos 32 e veio a cobrança por filho logo, porque eu já estava velha e o relógio biológico estava correndo, a ansiedade e as informações de que os óvulos envelheciam e ficavam escassos. Tive filho aos 40. Parece que passei toda uma vida achando que estava velha. Até hoje me sinto velha. Parece que nunca fui jovem.
Mas ela aos 80 me fala que se sente nova e pede que eu capriche na foto pra não aparecer a papada e fala de um paquera que tem "braços roliços" e sonha em novamente ser amada. Ela tem esse direito. Eu torço muito por ela.
Lembro de um filme de 1995: As Pontes de Madison. Assisti mais de uma vez e até hoje me lembro de várias cenas e falas. É uma história de amor maduro, onde os protagonistas já não são tão jovens, mas que vivem um amor intenso, gostoso, apesar de doloroso. É um filme lindo, marcante, que me faz pensar que todos tem o direito de viver um grande amor, se assim o querem. Independente de idade, independente de aparência. Que seja aos 80 anos, no final da vida ou na idade que for, mas que simplesmente aconteça.
"Uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. (...)V-
Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para a frente. Foi o apesar de que me deu uma angústia que insatisfeita foi a criadora de minha própria vida. Foi o apesar de que parei na rua e fiquei olhando para você enquanto você esperava um táxi. E desde logo desejando você, esse teu corpo que nem sequer é bonito, mas é o corpo que eu quero. Mas quero inteira, com a alma também. Por isso, não faz mal que você não venha, esperarei quanto tempo for preciso".
(Clarice Lispector)
segunda-feira, 8 de julho de 2024
Geração X
Para chegar lá era preciso trazer na muamba. do Paraguai. O irmão do meu pai assim fez e então o vídeo cassete chegou na nossa casa, no interiorzão da Bahia, e junto com ele um mundo à parte de histórias. Todo final de semana íamos à locadora pegar uma pilha de filmes e dessa época, anos 80 (quando a gente fala assim é por que está realmente velha?),| tenho ótimas recordações.
Era a fita que precisava ser rebobinada, era o cabeçote que precisava ser limpo, eram os desenhos que assistíamos incansavelmente, eram as fitas alugadas de Rocky ("Adrian, Adrian"!), Rambo (o bicho era bom! Bastava só ele pra dar fim a qualquer guerra), Jean Claude Van Damme (que abertura de pernas era aquela!) e os nossos preferidos Os Changeman! (Tsurugi, Hayate, Oosora, foram os nossos primeiros crushes asiáticos). Escrevo tudo na primeira pessoa do plural, porque eu não estava só nessas aventuras todas. Eu nem lembrava mais que minha paixão pelo Oriente tinha começado nessa época, aquele "cabelo de telhadinho", a franja caindo na testa já eram motivo de suspiros.
Os doramas trazem todas essas lembranças e sensações que eu tinha esquecido. Trazem muitas lembranças de mim e dos sonhos que eu tinha. É a nostalgia me trazendo para o presente e reavaliando o trajeto. Em que momento me perdi? Se é que me perdi. E quanto tempo fiquei alienada, alheia a um mundo enorme que tem lá fora, que eu já sabia que existia e que já sonhava conhecê-lo. Quanto tempo fiquei presa por causa de regras, normas de um grupo social limitado. Quanto tempo fiquei presa buscando uma carreira que só me adoeceu. Anos e anos bitolada numa religião onde nunca me encaixei, anos e anos dormindo, acordando e jantando trabalho. Valeu a pena? Sim, tudo vale à pena, mas agora me sinto tão pequena.
domingo, 7 de julho de 2024
25 e 21
Na estação em que as flores caem com o sopro do vento
Eu ainda posso sentir o toque da sua mão
Naquela época, eu não conseguia entender profundamente
Mesmo assim, as flores ainda eram lindas
Uh, sua fragrância levada pelo vento
Uh, eu pensei isso duraria para sempre
Nossos vinte e cinco e vinte e um
Naquele dia o mar estava bem calmo
Eu ainda posso sentir sua mão segurando a minha
No calor do sol, você e eu
Nós vivemos um sonho tão feliz que dói
Uh, a música daquele dia vem com o vento
Uh, eu pensei que você e eu daquele dia
Duraria para sempre
Sua voz e seus olhos
E até mesmo o calor do seu corpo
Quanto mais eu me lembro, mais eles desaparecem
Você se dispersa e não posso te pegar
Na estação em que as flores caem com o sopro do vento
Eu ainda sinto o toque da sua mão
Naquela época, eu não conseguia entender profundamente
Mesmo assim, as flores eram lindas
Uh, sua fragrância sendo levada pelo vento
Uh, eu pensei que duraria para sempre
Nossos vinte e cinco, vinte e um
Aah, a música daquele dia vem com o vento
Aah, eu pensei que você e eu daquele dia duraria para sempre
Eu pensei que duraria pra sempre nossos vinte e cinco, vinte e um
Nossos vinte e cinco, vinte e um
sexta-feira, 5 de julho de 2024
Queijo na Armadilha
terça-feira, 4 de junho de 2024
Deseje coisas novas e ame novamente.
"Mas de repente o vento volta a soprar. O som da tempestade de areia atinge os ramos mais altos. E então meu coração dispara. Isso significa que sinto falta de alguém que deixei para trás. O desejo de amar novamente faz meu coração disparar. Sonhe. E deseje. Ame profunda e longamente. Nós dormimos, descansamos e vivemos a alegria momentânea para que possamos nos recarregar e retornar ao mundo cheio de dores e ter novos sonhos. Deseje coisas novas e ame novamente, profunda e logamente. Mas, ainda amo você. Adorei cada momento. Terminamos. Fiquei grato. O fato de ter me deixado fez com que eu me amasse mais".
Trecho de um dos livros lidos no k-drama "Romance is a Bonus Book". Se é de um livro real, não sei. Só me lembrou dos inúmeros trechos que
terça-feira, 14 de maio de 2024
Mudanças
“Eu mudo ao longo do dia. Acordo e sou uma pessoa, e quando vou dormir eu sei, com certeza, que sou alguém diferente.” (Bob Dylan)
quarta-feira, 1 de maio de 2024
A Boneca de Sal e o Mar
"Era uma vez uma boneca de sal. Após peregrinar por terras áridas, descobriu o mar e não conseguiu compreendê-lo. Perguntou ao mar: 'Quem é você'?
O mar respondeu: 'Sou o mar'.
'Mas, o que é o mar'?
E o mar respondeu: 'o mar sou eu'!
'Não entendo', disse a boneca de sal, 'mas gostaria muito de entender, como faço'?
O mar respondeu: 'Se quer me conhecer, mergulhe seus pés em mim'.
Então a boneca timidamente encostou no mar com as pontas dos dedos dos pés. Sentiu que começava a entender, mas também sentiu por perder o pé, dissolvido na água.
'Mar, o que você você fez'?!
E o mar respondeu: 'Eu te dei um pouco de entendimento, e você me deu um pouco de você. Para entender tudo é necessário dar tudo'.
Ansiosa por saber, mas também com medo, a boneca de sal começou a entrar no mar. Quanto mais entrava, mais se dissolvia, mais compreendia a enormidade do mar. Sedenta por mais, exclamou:
'Mas, afinal, o que é o mar'?
Então, foi coberta por uma onda. Em seu último momento de consciência individual, antes de diluir-se completamente na água, a boneca ainda conseguiu dizer:
'Eu sou o mar... eu sou você'!"
(trecho adaptado das versões do Frei Leonardo Boff e padre jesuíta Anthony de Melo.
Conheci através do k-drama Casos de Amor à Tarde: :))
segunda-feira, 15 de abril de 2024
Dimash - SOS | 2021
Sobre Dimash Qudaibergen: A melhor voz do mundo
A fama conquistada pelo cantor cazaque, que já recebeu elogios de estrelas como Andrea Bocelli e Celine Dion, se deve principalmente à impressionante extensão vocal: seis oitavas e quatro semitons. Vai do grave ao agudo, consegue sustentar uma nota por mais de 20 segundos e alcança a raríssima D8, nota conhecida como registro de apito ou assovio. Um dos cantores preferidos dos coachs vocais em canais de reação no Youtube, é frequentemente apresentado como a melhor voz do mundo.
Bacharel em música com especialização em canto e mestrando em composição, Dimash começou a estudar música aos 5 anos e se dedicou para potencializar o talento herdado dos pais, ambos cantores. Canta em 12 idiomas e toca sete instrumentos. Seus shows incluem performances no piano, bateria e dombra, instrumento de corda tradicional do Cazaquistão.
sábado, 13 de abril de 2024
domingo, 7 de abril de 2024
Como os doramas explodiram minha mente - Capítulo 1
"Cada um de nós é uma estrela viajando pelo universo. Estrelas que se perderam e vieram parar aqui depois de vagar pelo vasto universo. Não é verdade. Somos estrelas que cruzaram seus caminhos bem aqui neste momento porque passamos muito tempo sentindo falta um do outro. Isso nos torna estrelas milagrosas. As estrelas que viajam pelo céu apenas brilham, elas nunca ficam tristes ou solitárias. Entretanto, nós somos estrelas que às vezes ficam tristes e sós, estrelas com arrependimentos. É isso que nos torna estrelas tão encantadoras".
(Romance is a Bonus Book)
Sempre gostei de ler. Sempre li todos os livros sugeridos na escola. Nunca fui a que pegava resenha pronta dos colegas pra prova, eu fazia minha própria resenha. Eu lia um livro capa a capa, sem pular uma página. Eu lia um livro atrás do outro. Eu virava noite e dia até acabar um bom livro. Eu lia livros com minha prima em voz alta, cada uma lendo um capítulo por vez, escondidas na sauna da clínica da mãe dela. Eu já li livros mais de uma vez. Li Meu Pé de Laranja Lima mais de quatro vezes e chorei copiosamente em todas as vezes, é o livro mais triste que já li.
Sempre gostei de escrever. Copiava poemas e trechos de músicas nos meus diários. Decorava Augusto dos Anjos, Cecília Meireles, Clarice Lispector, Florbela Espanca. Separava trechos de Chico Buarque, Guilherme Arantes, Cazuza. Não só esses, mas também Vinícius de Moraes e Caio Fernando Abreu. Escrevia histórias inventadas quando adolescente, páginas e páginas dramáticas e dolorosas datilografadas.
Quando adulta participei de um grupo de amigas também apaixonadas por literatura. Nos encontrávamos uma vez por mês pra ler, comentar e debater determinados autores. Que sorte tê-las encontrado, que azar ter um temperamento tão terrível como o meu e ter encontrado outras com um temperamento tão similar. O grupo pra mim acabou. Sinto falta às vezes, mas mesmo tendo sido convidada a voltar já não fazia mais sentido pra mim no momento. Ou foi só meu orgulho mesmo.
Até hoje não sei porque resolvi fazer um curso de Exatas. Nunca fui excelente em Física e Matemática, em compensação era ótima em Português. Aliás, eu sei porque escolhi Engenharia, mas não cabe aqui falar. Era desesperador muitas vezes deduzir fórmulas com tantas letras que não formavam frases. Era deprimente o desperdício a meu ver de tantas letras que não formavam palavras. Era sofrido estudar assuntos tão difíceis, tão abstratos e nada prazerosos. Se me arrependo? Não, de forma alguma. Mas muitas vezes, quase sempre e agora mais, depois de terminar de assistir esse K-drama, me pego pensando se poderia ter sido diferente se eu tivesse escolhido cursar Letras ou algum outro curso da área de Humanas.
Ainda tenho latente em mim, e de forma dolorosa, uma vontade de ser bem sucedida em algo que eu goste muito de fazer. Sim, eu sei que ser admirado é algo inerente ao ser humano, mas o que quero é admirar a mim mesma, é olhar pra o meu sucesso e me orgulhar, é colher os louros, é sorrir de orelha a orelha. Mesmo já tendo feito uma transição de carreira por me reconhecer como artista, esse desejo ainda não foi saciado. Dá tempo ainda, será, estudar outra área, me dedicar, me esforçar, deixar o medo pra trás, ou ir com medo mesmo?
segunda-feira, 1 de abril de 2024
Criar
“Como em tudo, no escrever também tenho uma espécie de receio de ir longe demais. Que será isso? Por quê? Retenho-me como se retivesse as rédeas de um cavalo que poderia galopar e me levar Deus sabe onde. Eu me guardo. Por que e para quê? para o que estou eu me poupando? Eu já tive clara consciência disso quando uma vez escrevi: ‘é preciso não ter medo de criar’. Por que o medo? Medo de conhecer os limites de minha capacidade? Ou medo do aprendiz de feiticeira que não sabia como parar?”.
(Clarice Lispector - Não Soltar os Cavalos)
quinta-feira, 28 de março de 2024
Niall Horan - This Town (Official Lyric Video)
Acordo para te beijar e não tem ninguém
O cheiro do seu perfume ainda está no ar
É difícil
Ontem, eu achei que tinha visto
A sua sombra por aí
É engraçado como as coisas nunca mudam
Nesta velha cidade
Tão longe das estrelas
E eu quero te falar tudo
As palavras que nunca consegui dizer
Da primeira vez
E eu lembro de tudo
De quando éramos crianças
Brincando neste parque de diversões
Gostaria de estar lá com você agora
Se o mundo todo estivesse assistindo
Eu ainda dançaria com você
Dirigiria por estradas e vias só para estar lá com você
De novo e de novo, a única verdade
Tudo volta para você
Vi que você seguiu em frente com outra pessoa
No pub em que nos conhecemos
Ele está com o braço nos seus ombros
É tão difícil
Tão difícil
E eu quero te falar tudo
As palavras que nunca consegui dizer
Da primeira vez
E eu lembro de tudo
De quando éramos crianças
Brincando neste parque de diversões
Gostaria de estar lá com você agora
Pois se o mundo todo estivesse assistindo
Eu ainda dançaria com você
Dirigiria por estradas e vias só para estar lá com você
De novo e de novo, a única verdade
Tudo volta para você
Você ainda me deixa nervoso
Quando entra na sala
As borboletas, elas ganham vida
Quando estou perto de você
De novo e de novo, a única verdade
Tudo volta para você
E eu sei que é errado
Que não consigo te superar,|
Mas tem algo sobre você
Se o mundo todo estivesse assistindo
Eu ainda dançaria com você
Dirigiria por estradas e vias só para estar lá com você
De novo e de novo, a única verdade
Tudo volta para você
Você ainda me deixa nervoso
Quando entra na sala
As borboletas, elas ganham vida
Quando estou perto de você
De novo e de novo, a única verdade
Tudo volta para você
terça-feira, 26 de março de 2024
Como os doramas explodiram a minha mente - Prefácio
Eu me recusava a entrar nessa modinha. Amigas comentavam e eu bem por fora, desinteressada. A netflix sugeria e eu pulava para os documentários de true crimes. Mas, porém, contudo, entretanto, certo dia estava eu no médico esperando uma consulta e rolando o feed do instagram num puro tédio, quando caí num vídeo de um pastor condenando quem assistia doramas por ser um "culto a androginia". Acendeu-se uma luzinha de curiosidade, como assim dorama = androginia, ninguém nunca me falou isso! Curiosidade, aquela que matou o gato, foi o grande mal. Fui fuçar os comentários da postagem e muitos falavam sobre o k-drama Pousando no Amor e criticando o "nada a ver" do pastor. Corri, então, para o app da netflix no celular, busquei Pousando no Amor, e foi assim que tudo começou. Um caminho sem volta. Todos avisaram. Foi como se eu estivesse cega e de repente começasse a enxergar. A ME enxergar.
Isso foi no finalzinho de janeiro e no início de fevereiro é o meu aniversário, sempre junto com ele vem muitas reflexões e crise existencial, lascou que com os doramas formou-se um pacotão que me fez girar num looping de recordações de tantas coisas da minha vida que eu nem lembrava mais. Ou achava que não lembrava. Lembrei de quando trabalhava na engenharia e do quanto eu era determinada com o meu sucesso profissional, do quanto já me iludi em relacionamentos, do quanto já escrevi aqui sobre, lembrei de mim, focada em ter "um corpão e um cabelão" e, sendo rata de academia com uma amiga muito querida, me diverti horrores inventando várias histórias com os personagens que lá apareciam. Lembrei do quando eu era espirituosa e divertida, lembrei dos frios na barriga, das borboletas no estômago, de como eu era vaidosa, sempre no salto e descendo dele no trabalho (literalmente porque usava somente bota de segurança e também de forma figurada por ser muito briguenta). Sim, senti saudades. Saudade de mim.
Pra quem tá caindo aqui de paraquedas, não estou me propondo a ser mais um blog de resenha sobre doramas, longe disso, pode até ter alguns spoilers aleatórios, mas o que quero mesmo é voltar a fazer o que mais gostava que é escrever, ressuscitando este "querido diário", que já teve no seu layout tantas capas de anime (uma forma de mídia originária de um país também asiático). Sempre gostei. Sempre gostei de conhecer outras pessoas, outras culturas, e lembrei de quando eu dizia que era uma pessoa cosmopolita. Quando todos os meus colegas estavam estudando pra concurso, eu me recusava porque sabia que "tinha muito mundo no mundo e eu não queria ficar aqui". Eu queria viajar o mundo e aprender várias línguas. Estudei inglês até ser fluente (acho que nem sou mais), fiz todo o curso de espanhol (mas até hoje acho super difícil falar) e até estudei alemão. Viajei pra Grécia, Espanha e Portugal. E foi tão bom. Mas foi só. Hoje não consigo ir na minha cidade natal, não consigo viajar nem mesmo dentro do nordeste para os encontros de família. Como cheguei nesse ponto?
Sim, eu sei que quando se decide ter filho, ainda mais um filho atrás do outro, por um bom tempo fica difícil ter dinheiro, viajar, de se cuidar e mais um tanto de outras coisas mais, mas o que não entendo é: como eu me esqueci de mim? Como esqueci dos meus sonhos, como fiquei uma pessoa tão medrosa, quase uma covarde, que evita conflitos, quem tem medo até de sair de casa sozinha? Eu não era assim! O dorama foi o gatilho talvez por eu ter trabalhado em empresas asiáticas, mas sabe que quando uma caixinha é aberta várias outras também são? Um dorama me abriu a caixa de Pandora e vi o meu passado passar por mim. Vi também uma parte do meu futuro que não alcancei e que não me conformo em não alcançar, porque também sinto "saudade" dele. Traumas, sonhos desfeitos, sentimentos bons e outros nem tanto também vieram junto. Veio tudo num furação e numa onda de ansiedade sem fim que não me permite mais ficar calada. Eu preciso falar=escrever antes que o Alzheimer chegue (doença hereditária da minha família materna) e eu me esqueça completamente.
Sei que não tenho mais leitores, então talvez seja mais fácil escrever. Porque eu comecei a ser dorameira no início de fevereiro, estamos no final de março e acho que já assisti mais de 20 doramas (k-dramas, j-dramas, c-dramas e afins), preciso relacionar todos e contar o que cada um me trouxe de lembrança, de mais um cadinho de ilusão e algumas reflexões. Desocupada eu? Não, sedenta do que fui e do que eu possa ainda vir a ser. Mais uma iludida? Ora, já dizia o sábio Salomão "tudo é ilusão"! Mas tá sendo bom lembrar que eu supostamente devo ter nascido na época do Romantismo. Então, vai, me segue, que no caminho eu te conto.