Pequenos bons momentos da vida.





Dias desses aí eu aceitei participar de uma festa na academia.
Até o último dia eu estava relutante, mas reclamaram que eu nunca participava de nenhum dos eventos, então acabei aceitando. Enfim, pensei que é sempre bom aproveitar cada minutinho da vida, nem que seja pra fazer um programa de índio, numa academia bizarra com seres antológicos e caricatos.

Cheguei atrasada propositadamente e estranhei quando vi a academia vazia, alguns gatos pingados na porta e o povo meio desanimado.
Já entrei com vontade de rir, mais ainda quando eu vi o cara-mais-lindo-da-academia em pé, folheando uma revista de halterofilismo com a maior cara de quem diz: "O que é que eu vim fazer aqui?"
Acabei me aproximando dele e conversa vai, conversa vem, eu rindo pra me acabar, mangando da situação, o professor chama pra começar a festa.

O professor é o personagem mais interessante da academia e nem podia ser diferente.
O bichinho fez uma cirurgia na cabeça e acabaram deixando uma cicatriz enorme. Normalmente ele vive de boné, acho que por isso tem uma coceira brava no couro cabeludo, vive levantando o boné e com as unhas faz "ruco-ruco" em tempo de rancar o resto do pixaim. Em eventos aonde vai arrumadinho e o boné não combina, ele coloca uma meia peruca, e assim estava quando começou o discurso no meio do salão pra poder começar a festança.

Quando disseram, "pode vir que tá na mesa", o povo timidamente ficou arrodeando a mesa, comendo um amendoinzinho, um milhinho, quando soltaram o Vinho do Frei, aí a galera se animou. Eu, claro, que já estava impaciente, apesar de ter a companhia do surpreendentemente-lindo, aticei o professor pra apagar as luzes e ligar o globo estilo discoteca que tem no meio do salão. A negada aprovou, caíram no forró e eu ri mais ainda com as qualidades dos dançarinos. A animação tava massa, eu me sentindo no Quilombo dos Palmares, os ancestrais clamando, a zabumba cantando e olhos-verdes-uma-sentença-de-morte de colírio ali do meu ladinho.

Vale a pena frisar que as mulheres da academia não gostam muito de mim. Acho que é inveja porque quem conseguiria ser magra e gostosa como eu sou? Mas, enfim, nessa noite estavam todas minhas amigas. Por que será? Oh, mas elas estavam falantes! Altos papos e ele só ria, eu ria, todo mundo ria.
A mais ousadinha era uma Hérica (parece que toda Erika, seja como for a ortografia, é ousada) que é até bonitinha: loira, rosto bonito, assistente social, mas bem gordinha, e a bicha tanto conversou que acabou roubando a atenção de olhos-verdes-que-homem-é-esse-me-mate só pra ela. Eu recolhi-me a minha insignificância e sai pra circular.

No meio da bagunça improvisaram uma quadrilha de São João que mais parecia uma quadrilha de assalto a bancos. Olhos-verdes-uma-perdição já cansado da maresia entrou na dança. Aliás, todo mundo entrou, eu inclusive que fiz par com Alcidar´t (este deixou de ser Boiolar´t, largou os cabelos aloirados de franjinha e agora adota um modelito cavanhaque, cabelo arrepiado, mais masculino). O estonteatemente-maravilhoso fez par com a Hérica (claro, e ela ia largar o osso?), mas, pra minha surpresa, ele só queria estar comigo. Ri horrores com essa quadrilha que não saía do lugar. "Quebrar o caranguejo" foi uma luta, ou como diria o matuto: "Uma lôitcha!".

Depois da quadrilha frustrada, um casamento matuto. A noiva que já é feia, se esforçava pra parecer mais feia ainda pensando que isso era bonito, e enfronhada num vestido branco estava parecendo a besta-fera-saída-das-profundezas.
No meio do bafafá, faltou gente pra fazer alguns papéis, sobrou pra mim e pra olhos-verdes-já-quero. Ele, na maior simplicidade, aceitou participar de tudo. Sem nem lembrar que sendo o mais alto, mais forte, mais lindo, com aquele rosto tipo Thiago Lacerda, destava-se na negrada, ou melhor, na marronzada.
De última hora puxaram a gordinha-loira pra fazer o papel da "mulher" dele. Hum, sei! Mas ele não se empolgou muito não.
Sei que ri de dar dor na queixada com a encenação. Misericórdia, o que era aquilo? Que povo engraçado!

Resultado da festa: até que não foi ruim.
Ri bastante, conversei muito, sujei e limpei as vistas repetidas vezes, tive uma boa companhia e no final deu tudo certo. No final até que foi muuuuuito bom. No final valeu à pena. Valeu o programa de índio, valeu à pena meeeesssssmo.
E já que o post ficou grandão e eu não vou poder contar mais nada, apenas repito: é sempre bom saber aproveitar as-coisas-boas-da-vida. Hehehe!!!!

Falei e Disse.

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