sexta-feira, 30 de novembro de 2007

"Aqui está minha vida - esta areia tão clara
com desenhos de andar dedicados ao vento.
Aqui está minha voz - esta concha vazia,
sombra de som curtindo o seu próprio lamento.
Aqui está minha dor - este coral quebrado,
sobrevivendo ao seu patético momento. 

Aqui está minha herança - este mar solitário,
que de um lado era amor e, do outro, esquecimento".

(Aqui Está minha Vida- Cecília Meireles)


E meu coração dói hoje mais do ontem. Dói tanto que acho que vou ter um enfarte. Ou seria enfarto? Será que essa dor sará amanhã? Ou não sara nunca? Ruim ser apaixonada sempre e tão carente que sinto dó de mim mesma. Estou cansada, tão cansada de tudo, e só repito que queria sumir, puf, numa poeira de purpurina. Ou num raio laser bem chique.

quinta-feira, 29 de novembro de 2007


Grito de Alerta 
Bruno e Marrone 
Composição: Gonzaguinha 

Primeiro você me azucrina 
Me entorta a cabeça 
Me bota na boca um gosto amargo de fel 
Depois vem chorando desculpas 
Assim meio pedindo 
Querendo ganhar um bocado de mel 

Não vê que então eu me rasgo, 
Engasgo e engulo 
Reflito e estendo a mão 
E assim nossa vida é um rio secando 
As pedras cortando 
E eu vou perguntando: até quando? 

São tantas coisinhas miúdas, 
Roendo, comendo 
Arrasando aos poucos o nosso ideal 
São frases perdidas num mundo 
De gritos e gestos 
Num jogo de culpa, que faz tanto mal 

Não quero a razão 
Pois eu sei o quanto estou errado 
O quanto já fiz destruir 
Só sinto no ar o momento 
Em que o copo está cheio 
E que já não dá mais pra engolir 

Veja bem 
Nosso caso é uma porta entreaberta 
Eu busquei a palavra mais certa 
Vê se entende o meu grito de alerta 

Veja bem 
É o amor agitando meu coração 
Tem um lado carente dizendo que sim
E essa vida da gente gritando que não

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Bruto Romance


"Ora afinal a vida é um bruto romance
e nós vivemos folhetins sem o saber."

(Carlos Drummond de Andrade)

"Como milhares de pessoas dizem (e com razão): minha vida é um verdadeiro romance, se eu escrevesse contando ninguém acreditaria"...
(Clarice Lispector)
E num é que é mesmo? Minha vida além de um verdadeiro e bruto romance, é uma baita novela mexicana. Não sei o dizer agora, não sei nem o que pensar, nem sei onde tantas idas e vindas vão dar, só posso dizer que fui muito amada esse final de semana, mesmo que tudo não passe de uma grande ilusão minha e de mais uma grande mentira.

O réu é confesso, não havia dolo, o crime não aconteceu, mas há culpa, pediu perdão, pena atenuada. Prometeu ficar perto, que não ia acabar... parte de mim não acredita, parte de mim sabe que vai sofrer, mas sofrimento é quando não estou com ele, então enquanto eu puder estar, estarei. Mais uma vez a tristeza mendigando um sorriso.

Apesar de saber que algumas coisas não têm conserto, que palavras ditas não voltam atrás e que uma vez perdida a confiança, é muito difícil recuperá-la, ainda não sei o que é mais difícil: pedir perdão ou perdoar. Tento fazer apenas como Jesus disse, seguir perdoando até "70x7", se for possível, requerido, solicitado, preciso.

Como me disse uma das minhas amigas virtuais (continuo repetindo que só tenho amigas cultas):

"Mentira tem perna curta. Tem dedos curtos também: não dá pra teclar e clicar tão rápido pra esconder tudo. A parte mais triste, mais irônica, e que mais temos dificuldade de ver, é que quem mente é quem verdadeiramente sofre mais. Sofre mentindo, pela ignorância. Sofre escondendo, pelo medo. Sofre descoberto, pela vergonha. E sofre por tudo que faz de errado, mesmo que não seja descoberto e que seja desavergonhado: porque o que faz volta pra si, pelo seu erro, pelo sofrimento gerado a outra pessoa". (Loy)

Pra terminar, não poderia deixar de citar a frase preferida (e profunda) de uma de minhas amigas reais, colega que eu e ele temos em comum: "Bb, não se preocupe, porque no final tudo se resolve".
(Janecleide Menezes)

segunda-feira, 26 de novembro de 2007


Não há nada encoberto, que não venha a ser revelado [pelo orkut]; nem oculto, que não venha a ser conhecido". 
(Palavras de Jesus, segundo Mateus, 10:26. Com grifo da autora).

Cada vez mais amo esse tal de orkut (lembrando que amar é sofrer).
Continuo dizendo que quem não deve não teme e sigo rindo de quem apaga todos os scraps, de quem reclama quando acessam seu perfil, daqueles que odeiam quando olham suas fotos e acabam deletando o perfil "porque só viviam fuçando" (leia frase entre aspas com tom de nojo)... ora, se não 'güenta pra quê veio?
Mas vou ter que concordar... ô bichinho dedo-duro esse orkut, viu?

"E conhecereis o orkut e a verdade vos libertará". 
(Palavras de Soberana)

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Quanto tempo dura um mês?


"Quem revelará o mistério que tem a fé
E quantos segredos traz o coração de uma mulher
Como é triste a tristeza mendigando um sorriso 
Um cego procurando a luz na imensidão do paraíso
Quem tem amor na vida, tem sorte
Quem na fraqueza sabe ser bem mais forte
Ninguém sabe dizer onde a felicidade está"


(Sinônimos - Chitãozinho e Xororó/ Zé Ramalho)




Diz o cara do Biquini Cavadão que 1 mês é a vida inteira de um inseto, o tempo para um embrião virar feto, a folha do calendário, o trabalho pra ganhar um salário...
1 mês é tempo suficiente para tornar-se campeão da Copa do Mundo, é apenas um dia em Saturno...
Quanto tempo realmente dura 1 mês?
Pra mim durou apenas algumas duras verdades, durou apenas uma noite, o mês acabou da pior maneira, logo depois de eu ter comprado as coisas que ele gosta, de arrumar minha casa, de ter dado carinho... há pessoas que não gostam de carinho?
Comigo a verdade é sempre bem mais verdadeira, acho que por que eu exijo isso dela, mas doer, dói, só não sei até quando, será que dói mais do que um mês?
Soberana# 

segunda-feira, 19 de novembro de 2007





"Os ventos que às vezes tiram algo que amamos, 
são os mesmos que nos trazem algo que aprendemos a amar.
Por isso não devemos chorar pelo que nos foi tirado e sim aprender a amar o que nos foi dado, 

pois tudo que é realmente nosso nunca se vai para sempre".

Ora, eu choro a hora que eu quiser...
Quer que eu chore agora?

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

JOSÉ


(Carlos Drummond de Andrade) 

E agora, José? 
A festa acabou, 
a luz apagou, 
o povo sumiu, 
a noite esfriou, 
e agora, José? 
e agora, você? 
você que é sem nome, 
que zomba dos outros, 
você que faz versos, 
que ama, protesta? 
e agora, José? 

Está sem mulher, 
está sem discurso, 
está sem carinho, 
já não pode beber, 
já não pode fumar, 
cuspir já não pode, 
a noite esfriou, 
o dia não veio, 
o bonde não veio, 
o riso não veio 
não veio a utopia 
e tudo acabou 
e tudo fugiu 
e tudo mofou, 
e agora, José? 

E agora, José? 
Sua doce palavra, 
seu instante de febre, 
sua gula e jejum, 
sua biblioteca, 
sua lavra de ouro, 
seu terno de vidro, 
sua incoerência, 
seu ódio - e agora? 

Com a chave na mão 
quer abrir a porta, 
não existe porta; 
quer morrer no mar, 
mas o mar secou; 
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
 
José, e agora? 

Se você gritasse, 
se você gemesse, 
se você tocasse 
a valsa vienense, 
se você dormisse, 
se você cansasse, 
se você morresse... 
Mas você não morre, 
você é duro, José! 

Sozinho no escuro 
qual bicho-do-mato, 
sem teogonia, 
sem parede nua 
para se encostar, 
sem cavalo preto 
que fuja a galope, 
você marcha, José! 
José, para onde? 

No escuro do quarto, deitada na cama só de toalha, curtia minha auto comiseração e me sentia quase como o José de Drummond. Algumas vezes olhava para o teto, outras, para a réstia da porta que ia e vinha com o vento. Vontade de evaporar, sublimar, desaparecer. Sem ninguém chorando minha falta ou me procurando. Simplesmente sumir. Se alguém perguntasse, se bem por acaso dessem por minha falta, gostaria que outro respondesse: "Ninguém sabe, ninguém viu". 
O momento mais feliz do meu dia tem sido quando estou dormindo. Cansada, sempre cansada, queria não ter que pensar, não ter que acordar, não ter que ouvir, falar, raciocinar, não ter que chorar ou sorrir. Não queria morrer ou ser dada como desaparecida, só queria deixar de existir.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Indecisao

"Quem ama quer estar sempre perto
Quem quer, faz de tudo pra dar certo

Se era pra ser assim
Então por que cuidou tão bem de mim?
Me seduziu, me enfeitiçou
Diz que me quer
Mas comigo não ficou"... 


(Indecisão - Aviões do Forró)
Sim, eu gosto de forró, aceite!

Pela primeira vez depois de séculos trabalhando com gasoduto, fui "correr a faixa". Fui do Km 1 ao 10 próximo a Catu. Estou até hoje emocionada! Vi a fase de ponteada e fui apresentada pessoalmente a um side boom. Vi também um mini-HDD. Até que enfim pude ver na prática o que só conhecia na imaginação. rs!

Fui para Esplanada e no dia seguinte para Catu (tudo na Bahia, pra quem não sabe), fui para uma visita técnica, e estava chique toda andando de Pick-up Hilux (sei lá como se escreve), mas me colocaram num hotel tão peba em Alagoinhas que acordei com um barata morta no chão ao lado da cama, pense no pavor!

Encontrei meu Bb no canteiro de Esplanada e tivemos que nos tratar como "colegas" já que eu sou da fiscalização e ele da subcontratada do empreendimento, foi engraçado, mas ruim ao mesmo tempo, ver e não poder beijar, abraçar, se tratar como simples conhecidos, coisa estranha...



E eu estou tão magra que pareço um espantalho. Ri e chorei ao mesmo tempo vendo essa foto. Eu sou mesmo patética, certa está minha amiga Catilanga.
Perdi 5 quilos, quem achar por aí, favor devolver. Perdi também um bumbum invejável, esse, principalmente, não abro mão, quero de volta.
Diz minha colega que meu novo chefe me "vampiriza", suga todas as minhas energias por isso estou secando assim, que eu tenho que trazer uns cristais, umas plantas espanta-energia-negativa... será? Eu, hein?

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

360º



Por esses dias passei a perceber que minha vida deu foi mesmo um giro de 360º. Muitos podem pensar que houve uma mudança radical, de fato, mas quem entende um pouco de trigonometria sabe que quando há um giro de 360º, volta-se ao ao ponto de origem, volta-se ao grau 0º. Acho que troquei 6 por meia dúzia. Pensei que babado era bico, no entanto descobri que a rapadura é doce, mas não é mole não.

Depois de um ano de trabalho atormentado em que convivi com pessoas infelizes e em que me senti, a maior parte do tempo, pior do que o cocô do cavalo do bandido, tomei coragem e me libertei, mudei de vida, saí da inércia, da mesmice e mediocridade que me atormentava. Meu ex-algoz virou uma espécie de amigo, larguei meus bens materiais aos quais era tão apegada e mudei pra "cidade grande", vim morar sozinha, somente pra fazer uma pós, mesmo tendo sempre demonstrado total desinteresse nisso.

Consegui um apartamento num lugar legal, mesmo custando os olhos da cara, na pós encontrei uma amiga super divertida, um emprego invejado, tudo se acertando... mas agora acordo e vejo que minha vida está sendo repetida, tudo está acontecendo da mesma maneira. O algoz agora é outro, e volto a me sentir moralmente assediada no trabalho. Cobranças e mais cobranças, exigências, testes diários, críticas com relação ao meu desempenho... começo a achar que o problema seja realmente comigo, talvez eu tenha dado o passo maior do que a perna, talvez eu seja fraquinha-"foi-se-deitar" e não tenha forças pra viver a vida que quero.

Talvez seja melhor ser pragmática, idealismo demais me decepciona. Sempre pergunto a minha amiga Jorlane se vale mesmo à pena tanto sacrifício, tanto esforço - ficar longe de quem a gente ama, longe da família, sentir solidão, se esforçar pra ter um pouco mais, estudar, buscar, lutar. Sábado perguntei o mesmo a minha amiga-de-Ipatinga-Minas-Gerais, e a catilanga respondeu com Fernando Pessoa: "Tudo vale à pena se a alma não é pequena". (eu só tenho amigos cultos, desculpa aí!)

É verdade... não sei de que tamanho é a minha alma, só sei que por enquanto tudo que posso me dar "é solidão com vista pra o mar", um pôr-do-sol "fantástigo" com direito a céu de baunilha, e ser feliz com isso, porque a Bahia é linda, Salvador é linda, o mar é lindo, e eu sou linda, meu rei, num tô lhe dizendo?!

p.s.: Mudando de assunto... o que era apenas um encontro num almoço de domingo 12 de agosto, espantosamente dura 3 meses. Pena que tem data pra acabar... mas não é assim com a maioria dos "amores de trecho"? , sempre tem um fim, mais cedo ou mais tarde.