No espelho roto das poças dágua
O céu entristece...


Houve uma leve hesitação no ar...
Houve, de fato, qualquer cousa no ar...


Que seria que aconteceu?
Todas as vitrinas de repente iluminaram-se...
E há uma estrela morta em cada poça dágua...
24 horas

Ele me beijou de repente como eu nunca tinha sido beijada antes, no meio de todos, de verdes, azuis e amarelos, de sol e brisa, de água, peixes e mar, numa tarde encantada.

Ele encheu a minha alma de sonhos e pôr-do-sol, de desejo e espera, de doces inquietudes e amargos desencantos.

Numa noite ímpar de um dia feliz, ele me puxou pela mão e como uma criança traquina, disse: "Vem, que eu quero tirar um bichinho da máquina para você". Saímos correndo, eu me equilibrando no salto, só para ficar olhando ele rindo enquanto se divertia com os cavalinhos de corrida, e depois tentando trocar os bilhetes que ganhou por algum brinde para mim.

Ele me rodou como um pião no meio da rua segurando pela minha mão, e como um homem fascinado, disse: "Você está linda!" Saímos andando rápido, eu me equilibrando no salto, tentando me recuperar da tontura que ele me causava.

Ele penteou meus cabelos molhados e como um amigo carinhoso, me encostou em seu peito, em pé na janela, me olhando com seus olhos verdes, enquanto eu me perdia, pequena, sem salto, diante de mais de um metro e oitenta de tanta ilusão.

Ele reparou em minha roupa, se preocupou com o que eu ia comer, beijou minha testa, enlaçou seus dedos nos meus, me encheu de atenção. Falou ao meu ouvido com voz bela palavras de carinho, me protegeu em seus braços no meio de um mar que de tão azul doía no olhar.

Ele brindou a momentos como aquele, mas que só durou um único dia - 24 horas - em que ele foi perfeito, para depois sumir para sempre com suas piadas infames, suas atitudes injustas, sua voz fria, sua ingratidão.

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