terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Sobre a morte

Eu penso no meu pai todos os dias e choro. Às vezes penso que ele está lá, aí lembro que não mais e é por isso que minha cidade natal também morreu pra mim. Não quero ir lá se não posso encontrá-lo. Nunca mais. A morte é triste como são tristes todos os fins.

Eu penso na minha avó e choro. A cidade, a casa, o lugar em que ela morava morreu pra mim. Não quero ir lá se não posso encontrá-la. Nunca mais. A morte é triste porque não mata só uma pessoa, mata seu passado, sua origem, seus costumes.

O Natal era com meus avós e toda a família, quase sempre. O "amigo da onça", as gritarias, risadas, a ceia e a sala lotada. No dia seguinte era banho de rio e pele queimada. Agora são só as lembranças que o Facebook esfrega na cara da gente.

Foram duas mortes em menos de 6 meses. Eu penso neles todos os dias e choro. Queria só que eles estivessem lá, que eu pudesse encontrá-los. Mas nunca mais.


segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

E com uma letra bem pequena, lá estava escrito no seu epitáfio: Tentou ser, não conseguiu; tentou ter, não possuiu; tentou continuar, não prosseguiu; e nessa vida de expectativas frustradas tentou até amar… Pois bem, não conseguiu, e aqui está.

(Dom Casmurro)

domingo, 11 de dezembro de 2016

Mas os poços da fantasia acabam sempre por secar e o contador de histórias, cansado, tentou escapar como podia: o resto amanhã... Já é amanhã.

Lewis Carroll

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

"Já me refiz tantas vezes... a alma já está vacinada e o coração já sabe sacudir a poeira quando as decepções acertam. Cicatrizes tenho, não nego. Também tenho essas pontadas no peito, vez ou outra e as borboletas no estomago quando arrisco demais. Mas para quê deixar a oportunidade passar se o hoje pode ser a única chance que temos?"

(Michelle Trevisani - Il. Johanna Wright)

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Morrer deve ser assim: por algum motivo estar-se tão cansado que só o sono da morte compensa. Morrer às vezes parece um egoísmo. Mas quem morre às vezes precisa muito. Será que morrer é o último prazer terreno?

Clarice Lispector

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Eleicões Municipais.

Começou a compra e venda de votos. Ideologias político-partidárias em último lugar. Se é que conseguem ocupar algum lugar em meio a tanta demagogia, para não falar nojeira e hipocrisia. 
Os políticos não exigem a compra de votos, são os eleitores que forçam e imploram pela venda. Ah, só voto se ele erguer o muro da minha casa. Ah, aqui em casa fulano-candidato-de-tal só ganha se construir um novo banheiro. E vá falar alguma coisa contra! E vá você tentar expor suas ideias de que essas atitudes só alimentam a corrupção que tanta gente clama para exterminar. Um câncer em metástase,espalhando-se por todo corpo do Brasil. É deprimente. 

sexta-feira, 19 de agosto de 2016


"É, e na hora que eu te beijei 
Foi melhor do que eu imaginei
Se eu soubesse tinha feito antes
No fundo sempre fomos bons amantes"...



quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Ali

ali

ali
se

se alice
ali se visse
quanto alice viu
e não disse

se ali
ali se dissesse
quanta palavra
veio e não desce

ali
bem ali
dentro da alice
só alice
com alice
ali se parece


Paulo Leminski

domingo, 7 de agosto de 2016

"...e as semanas passam de maneira assustadora. Os domingos se precipitam mal começam as noites de sábado, as segundas retornam com veemência gritando - "outra semana!" e as quartas já tem um gosto de sexta, e o abril de de-já-hoje é mudado em agosto"...

(Rubem Braga)

sábado, 6 de agosto de 2016

A gente se reconheceu de longa data quando se viu pela primeira vez na vida


"A gente dá muitas risadas juntos. A gente admira o outro desde o dedinho do pé até onde cada um chegou sozinho. A gente acha que o mundo está maluco e sonha com sonos jamais despertados antes do meio-dia. A gente tem certeza de que nenhum perfume do mundo é melhor do que a nuca do outro no final do dia. A gente se reconheceu de longa data quando se viu pela primeira vez na vida".

Tati Bernardi

terça-feira, 19 de julho de 2016



É tanta lembrança... meu pai contando as gaiatices dele numa rodinha de homens no aniversário de 1 ano de Heitor. Há 1 ano atrás. A gente nem imaginava que esse ano ele não estaria mais presente.

sábado, 16 de julho de 2016



Hoje completou 1 mês que ele foi embora... 
parece uma eternidade e ao mesmo tempo parece que foi ontem. 
Saudade.

quarta-feira, 6 de julho de 2016


É um misto de incredulidade, raiva, vazio, saudade e mais incredulidade... Uma mistura de lembranças boas e ruins. O caixão, o velório, o enterro, o cemitério, as lágrimas, a lente embaçada de tanto chorar. Gente, muita gente, conhecido e desconhecidos. Gente com muitas lembranças boas a repetir. Amigos e parentes a lembrar da sua risada, piadas, histórias, das manias, do espirro "chiquinha", do "me compre um jumento", do doce roubado no casamento, da unha grande passada na perna só para perturbar e tantas outras coisas que nem me lembrava mais. Meu pai, um homem irascível, destemperado, passional, emotivo. Foi embora da noite para o dia, sem se despedir, sem "avisar". Que feiúra, hein? Sair de fininho, ir embora assim sem nada a declarar. É o que sempre ouvimos: "não deixe para amanhã, fale agora que ama, grite, repita à exaustão". Amanhã pode ser tarde demais. Com o meu pai nada nos faltou, sempre fez de tudo nessa vida por a gente. Meu pai que sempre se despediu com "eu te amo", nem isso ficou a ser dito. Foi embora calado porque já tinha dito tudo. Não houve amanhã porque viveu o presente. Tchau, beijos, te amo. Também te amo, meu pai... te amo... te amo... te amo... te amo... te amo... te amo... te amo... te amo... te amo... te amo... te amo... te amo...

domingo, 26 de junho de 2016

Que não nos falte vontade de sorrir apesar dos pesares. Que sejamos leves. Que sejamos livres de preconceitos. Que nenhum de nós se esqueça da força que possui. 
Que não nos falte fé e amor. 

Caio Fernando Abreu

quinta-feira, 23 de junho de 2016

"O traço mais cafona da sociedade contemporânea é a necessidade de ser feliz todo tempo"
Leandro Karnal

quinta-feira, 16 de junho de 2016


"Um dia não iremos mais chorar
Viveremos todos unidos em amor
Confiando nas promessas do Senhor
Estaremos juntos pra sempre".

Ontem de tarde bateu uma tristeza na gente, sem motivo, hoje meu pai amanheceu morto. Tem coisas que não se explicam e que a gente só tenta aceitar. Meu pai era (que estranho falar no passado...) uma dessas pessoas bravas mas de coração mole, popular, comunicativo, que contava a mesma piada mil vezes e ria mesmo assim. Eu ainda não estou acreditando. E fica aquele vácuo, aquele espaço de futuro que tinha tanta coisa pra acontecer, só que não vai mais.

sexta-feira, 27 de maio de 2016

Guerreiros que leem poesias


 

"Lutam melhor aqueles que têm sonhos belos. Somente aqueles que contemplam a beleza são capazes de endurecer sem nunca perder a ternura. Guerreiros ternos. Guerreiros que leem poesias. Guerreiros que brincam como criança".

(Rubem Alves)

quinta-feira, 12 de maio de 2016

Tchau, minha querida

Dia desses li um texto de uma renomada escritora sobre o uso frequente de uma palavra tão doce como 'querida' de forma pejorativa e de como era ruim não poder mais usar essa palavra sem parecer irritada ou debochada porque, pode apostar, se a pessoa usou o termo querida ela ou está sem paciência ou tratando a outra com escárnio. Já os homens quando se referem uns aos outros como queridos o apreço parece genuíno ("Fala meu querido, vai chegar lá no bar hoje?"). Mais do que adversária política, Dilma é mulher. E como mulher foi atacada como todas nós somos quando incomodamos alguém: "aquela puta", "vaca", "piranha", "mal amada", "isso só pode ser falta de piru", "a tortura foi pouco" e outras barbaridades. Com a sua imagem simularam um adesivo de carro com suas pernas abertas indicando um estupro, com a sua imagem simularam queima na fogueira (alguém ainda lembra da Inquisição?), seus discursos foram ridicularizados e sua aparência julgada dia e noite, noite e dia. Ela emagreceu a olhos vistos e suas olheiras já lhe pesam o rosto. Dilma tem 70 anos, ela poderia ser minha avó. Ou sua. Você consegue imaginar alguém tratando a sua avó dessa forma? Parece doentio e bizarro, e de fato é. Não importam seus motivos para odiá-la (repare a banalização do ódio), você diz que odeia todos os bandidos e ladrões, mas não vejo ninguém chamando o Cunha de bruxo, brocha, vadio, crápula ou mal caráter (aliás, pra atacar o Cunha foi bem comum usarem a imagem da mulher dele para ridicularizá-lo). Contra a imagem e a reputação da Dilma fizeram o que puderam. Xingaram, humilharam, pisotearam, ameaçaram, e até uma conversa informal com um velho amigo que a chamava de querida foi motivo para usarem contra ela. Eu senti muito afeto na voz do amigo ao se dirigir a ela, um apreço verdadeiro e até mesmo pontadas de preocupação. Não tardou a usarem o bordão 'Tchau, querida' para continuarem a chicoteá-la em praça pública. Dilma, minha querida, você daqui a pouco não será mais a minha presidente, mas com certeza sai dessa lama que te envolveram com a dignidade e a força de uma guerreira. Politicamente, você errou muito, porém nenhum desses erros subtraem a mulher que você é. E como mulher, eu sinto sua dor e no meio de tanto ódio envio meu amor. E de um jeito carinhoso eu e milhares de mulheres enchemos nossas bocas e nossos corações para lhe dizer: fica com Deus, minha querida. A gente ainda se vê por aí.

(Tchau, minha querida, por Natalia Alves. Mas queria que eu tivesse escrito)

quarta-feira, 11 de maio de 2016

Tchau, queridos!

Para registrar um momento histórico e triste da política brasileira.


"Demorou, foi difícil aceitar e conviver, mas está chegando a hora dos pobres voltarem ao seu lugar. Ninguém aguentava mais aeroportos cheios como rodoviárias, que absurdo pobre voando. Congestionamentos imensos nas grandes cidades, culpa desse governo comunista que criou condição de pobre ter carro, onde já se viu? Pobre tem que andar de ônibus ou a pé. E nas universidades, além de pobres, pretos. Universidade não é lugar de preto, porque não ficam nas favelas? Gastaram nosso dinheiro financiando a juros baixos milhões de apartamentos para pobres, outro absurdo. Porque não ficam nos morros e nas áreas de risco? Porque querem se misturar conosco? Bolsa Família? Dinheiro que sustenta pobre que agora nem quer mais trabalhar. Ninguém pode mais nem ter uma empregada doméstica porque a infeliz ganhou desse governo imundo o direito de ter carteira assinada e CLT. Tomara que já privatizem tudo e acabem logo esses malditos concursos públicos, já viram a quantidade de pretos e pobres nas repartições públicas? Quem aguenta isso? Graças a Deus vem aí Michel Temer ao lado do PSDB/PMDB e da FIESP. Pobre voltará a ser pobre e não vai mais se meter a besta. Já tinha passado da hora. Já estavam se achando de classe média. Tchau queridos"!!!

Autor: Eduardo Carvalho

quarta-feira, 4 de maio de 2016

Ela queria acreditar


 "Não, ela não era tola. Mas como quem não desiste de anjos, fadas,

cegonhas com bebês, ilhas gregas e happy ends cinderelescos, ela queria
acreditar".

(Caio Fernando Abreu)

sábado, 23 de abril de 2016

"Ela colecionava atrevimentos. Andava pela sua vida vestida de liberdade e chocava aquela gente cheia de pudor que não ousa ser dona do próprio destino." 

 Zack Magiezi

domingo, 10 de abril de 2016

Vai me perdoando



Vai me perdoando
Esse meu jeito estranho
Eu sei que fez você sofrer
Tudo era mentira
E você quis pagar pra ver

Sei que é a hora
Hora de dizer adeus
Vai me perdoando
Esquece aqueles planos
Tudo o que eu te prometi
Sei que é difícil encarar que seja o fim
Mas vai me perdoando enfim

Vai perdoando alguém que sempre só quis o seu bem
E vai lembrando que o ser humano erra também
Nunca mais chore por amor
Perdoa, por favor, entenda

Vai perdoando que o destino te trará alguém
E com os anos você vai se esquecer, meu bem
Nunca mais chore por amor
Perdoa, por favor, entenda

quinta-feira, 10 de março de 2016

O caminho é este
tem pedra, tem sol
tem bandido, mocinho
tem você amando
tem você sozinho
é só escolher
ou vai, ou fica.

Fui.

Martha Medeiros

terça-feira, 8 de março de 2016

Poeminha Amoroso

Este é um poema de amor
tão meigo, tão terno, tão teu...
É uma oferenda aos teus momentos
de luta e de brisa e de céu...
E eu,
quero te servir a poesia
numa concha azul do mar
ou numa cesta de flores do campo.
Talvez tu possas entender o meu amor.
Mas se isso não acontecer,
não importa.
Já está declarado e estampado
nas linhas e entrelinhas
deste pequeno poema,
o verso;
o tão famoso e inesperado verso que
te deixará pasmo, surpreso, perplexo...
eu te amo, perdoa-me, eu te amo...


Cora Coralina

sábado, 27 de fevereiro de 2016

Nadinha

Amanhã é um novo dia. Um novo outro qualquer. Eu queria te dizer que eu sinto muito, Zé. Mas eu não posso te dizer isso porque a verdade é que eu não sinto mais nada. Nadinha, Zé. 

Tati Bernardi

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

"O meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais; há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que eu nem mesma compreendo, pois estou longe de ser uma pessimista; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudade… sei lá de quê"!

 Florbela Espanca

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Para a posteridade

Sentimento de posse e de pertencimento. Eu sou delas e elas são minhas. Por elas mato e morro. Brigo por elas, choro com elas e, o melhor de tudo, dou altas gargalhadas com elas. A gente se entende no olhar, no silêncio e no barulho também. No "zuada, meninos", na gaiatice, nas piadas internas, nas caretas. Minhas primas. Minhas irmãs. Meus sobrinhos. Minha vida.



quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Não tenho vergonha de dizer que estou triste,
Não dessa tristeza ignominiosa dos que, em vez de se matarem, fazem poemas:
Estou triste por que vocês são burros e feios
E não morrem nunca...

Mario Quintana

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Toda alegria é assim: já vem embrulhada numa tristezinha de papel fino.

Millôr Fernandes

domingo, 10 de janeiro de 2016

Karina: - Desprezo é quando a importância da pessoa escapole do pensamento da gente por conta própria, Antônio. Eu tou tangendo tua presença da minha cabeça mas é só para facilitar o cabimento de muitas outras coisas.

 --Adriana Falcão