Grilo Feliz




Eu tenho pavor de insetos que pulam e voam. Odeios bichos que rastejam. Eu tenho pavor de grilos. E as rãs? Ai, elas pulam! Eu tenho fobia de baratas, elas voam! Apesar de ter nojo, pavor, medo, não tenho coragem de matar nenhum deles. Um dos motivos de ser vegetariana é que me falta coragem de matar qualquer bicho, mesmo que seja uma vil barata. Ah, não! Deus me livre! Morro de pena! Claro, que ninguém vai querer comer uma barata, estou só comparando, que se eu não tenho coragem de matar uma barata, imagine comer um bicho morto por alguém. Ah! Vocês me entenderam.
Mas eu odeio mesmo é o barulhinho que as baratas fazem quando são esmagadas. Blerght! Delas eu não tenho pena. Eu tenho pena das rãs. Eu jamais mataria uma rã, elas são criaturas bonitinhas. Geladas, mas bonitinhas, e se eu tivesse coragem, eu pegaria para criar, mas eu não tenho essa coragem. E nem deixo ninguém matar as bichinhas, tão transparentes! As catengas também, elas soltam o rabo e eu tenho pavor, mas abençoa as catenguinhas, papai do céu!

Quando eu tinha gato, meu finado Tigrinho (que Deus o tenha) eu conseguia sobreviver às baratas. Eu simplesmente jogava Tigrinho em cima delas e corria, escondendo meu rosto pra não ver o prazer mórbido do bichano em torturar até a morte as pobres. Sem Tigrinho ficou difícil e teve uma vez que eu tive que dormir em outro quarto porque a danada da barata não saía e eu não consegui matá-la jogando a sandália de longe. Pontaria ruim.

Sexta à noite estava eu conversando ao celular com minha amiga Pati quando ouço um barulho "pof" de bicho asqueroso pulando e caindo no chão. Olho e dou de cara com um grilo marrom nojento. Logo pensei: "me lasquei! Esse bicho vai cantar a noite inteira e eu vou ter que dormir em outro quarto", mas pra minha sorte, meu irmão estava em casa. Corri pra pegar uma vassoura e chamar meu irmão pra espantar o grilo de lá.

O que se seguiu foi uma cena de horror. Meu irmão, cruel, encheu o grilo de pancada. Nossa, foi terrível. Depois saiu arrastando o corpo pela casa até a área de serviço, só que o bicho não morreu instantaneamente, ficou esperniando convulsivamente, uma coisa horrorosa, e ao ver aquilo me desesperei. Saí do local do crime e fui me refugiar na minha cama-box-king-size-comprei-parcelado-mas-já-paguei, gritando: "Meu Deus! Que morte dolorosa eu submeti este pequeno inseto!". 

Vendo então o meu desespero, meu irmão se aproximou para me explicar que insetos como aquele grilo não sentem dor, eles não possuem cérebro, nem células nervosas que transmitam a dor, e que eles se mexiam porque a cabeça (?) estava viva, mas o restante do corpo já estava morto, que agora o que lhe restava eram as formigas para comer suas patas esmagadas até que ele parasse de se mexer.

Meu Deus! Como pode uma pessoa descrever tal assunto, assim, tão friamente? Fui dormir horrorizada.

Já no domingo, estava eu no meu 13º sono quando ouço um cricrizar. Dou um chute na cama e o cri-cri cessa. Estou chochilando e o cri-cri volta. Ah, não é possível! Acendo a luz, olho no chão, embaixo da cama, nada. Apago a luz, espero um pouco, o cricrizar volta. Acendo a luz e para minha surpresa, eis um grilo, muito bem aninhado entre as cobertas ao pé da cama, no quentinho, enroladinho, feliz da vida a cantar. Mas é cada uma!

Já era 1 hora da manhã e tive que chamar meu irmão, que com um chinelada só esmagou o grilo bem no meu lençol. Mais uma noite para dormir horrorizada.

E que praga é essa de tanto grilo na cidade? Outro dia na igreja ninguém conseguia prestar atenção no pregador. Todo mundo olhava para dois grilos grudados na cortina que ameaçavam pular de lá em cima da congregação. Eu tentei me proteger com a Bíblia, caso ele teimasse pular em cima de mim, mas graças a Deus, eles ficaram quietos na cortina, o culto inteirinho, ouvindo a pregação.
Soberana# 

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