Tiros em apresentação de orquestra sinfônica.



Livinha me convidou para uma apresentação do coro sinfônico no feriado de 15 de novembro. Disse-me que a música que eles iam cantar era linda demais, que o maestro era perfeccionista, que cada acorde era maravilhoso, que era em inglês, que era a história de amor de num-sei-quem e isso e aquilo. Ela me contou isso tudo na velocidade da luz, porque ela só sabe falar assim, tal qual aquele esquilo de um desenho infantil.

Eu estava cansada porque tinha trabalhado no feriado, tinha ido à cabelereira e só depois de 4 horas esperando para tratar a cafuba, pude sair pra pagar contar no shopping, ou seja, já era 9 da noite e eu só queria dormir. Mas mesmo assim fui de última hora com Fabinho que reclamava dizendo que ouvir orquestra com sono era "uó".

Quando chegamos no teatro a orquestra já estava tocando a "Hora do Brasil" e Cliança Minha já estava na parte de cima com o irmão e a cunhada. Ela manda um torpedo.

Su: Vem pra cá, mo fio!
Eu: Eh q eu gosto de ver a cara do povo e daí eu n enxergo quase nada. Sou cega. 

Eu gosto de assistir as coisas olhando a cara do povo. Se é show, quero estar pregada no palco. Se é no teatro, quero estar perto pra ver todos os detalhes. Sou míope, ora, se eu ficar de longe mal vejo o vulto.
Continuei ouvindo a orquestra e conversando com Su quando no intervalo de uma música pra outra, entram 3 soldados, armados e fardados, e se posicionam no fundo do palco. Pareciam 3 cuscuz em cima da mesa (como é o plural de cuscuz?)

Su: Eu conheço esse primeiro soldado daqui p la. É o Eric, lembra?
Eu: Eu conheci? Soh de ouvir vc falar, não? Ou ele foi na igreja? Pra quê esses samangos ali?
Su: Pois é, tão parecendo idiotas, ele foi à igreja mas não sei se vc tava no dia.

Não entendi porque eles estavam ali, nem sabia o nome da música que estava sendo tocada, se tinha alguma coisa a ver com pátria, exército, essas coisas. Dá pra ver o quanto eu estava interessada. E olha que eu sou uma pessoa culta e amo música clássica seja ela qual for, mas nesse dia eu só queria dormir. Bocejava mais do que tudo, e de cabeça baixa continuei mandando torpedo pra Suellinha.

De repente ouvi um tiro: "Pow!" Dei um pulo da cadeira e ouvi outros tiros: "Pá! Pá! Pow! Pow!". Fiz menção de correr, já estava em pé no corredor, enquanto olhava assustada para os lados, com os olhos grelados, e ouvia mais tiros: "Prá! Pá! Pá!" Atônita tentava entender o que acontecia. Vi que o povo permanecia sentado. Fábio, segurando minha saia, me olhava incrédulo. Alguns também se assustavam, mas permaneciam sentados e calmos, só então percebi que fazia parte do espetáculo. Os soldados estavam atirando para baixo, na cadência rítmica da batida do compasso, de acordo com a ordem do regente. Sentei, sonsinha, e ri, sozinha. Ri muito. Não conseguia parar de rir de mim mesma. Mandei mais um torpedo pra Suellinha.

Eu: Tomou um susto? Eu tô me acabando de rir. Quase que eu corro. Medo da pêga. Agora a gente sabe pq eles estavam ali, p fazer medo a gente. Olha a guerra! 

Su acabou desceu, sentou do meu lado e passamos o resto da apresentação rindo de tudo.
Fábio gostou muito da apresentação. Ficou emocionado com tudo. E disse: "Foi lindo, não foi, Bisôro?"(ele me chama de besouro). A música cantada pelo coro era realmente linda, pena que dela só deu pra entender um "I love you very much". Achei que faltaram as legendas. 

Su e Eu.

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