Boas palavras




"Seja como for o que penses, creio que é melhor dizê-lo com boas palavras."
William Shakespeare

Pela primeira vez passei a noite insone. Não preguei o olho. Não consegui dormir nada. Não tive uma gota de sono. Só vi estrada-estrada-estrada, um calor miserável, um aperto na poltrona 45, um cara espaçoso do lado e uma raiva, uma raiva dele, de mim, de tudo, uma raiva que me consumiu o caminho inteiro.
Fiquei a me martirizar por 4 horas e meia. Proferindo mil impropérios na memória, querendo dizer mil desaforos. É bom mesmo que não me ligue. Nunca mais.
Uma vez me perguntaram por que eu gostava dele e eu respondi: "Por que ninguém nunca me tratou tão bem". Agora vejo ele sumir quando eu mais precisava da companhia e da ajuda de todo mundo, me descartou, me deixou pra trás. Ninguém nunca me tratou tão mal. Nem o mais ridículo e cruel dos meus ex-namorados (que, diga-se de passagem, se mostram cada vez mais patéticos, depois conto).
Pela primeira vez comi strogonoffe (sei lá como se escreve) de soja com arroz carregado no alho às 5 da manhã. Coisa boa é voltar a gostar de comer.
Pela primeira vez vi o céu enquanto o sol nascia. Vermelho, laranja, azul-escuro-amarelado. Bonito. Quando se está triste demais gosta do pôr-do-sol. O inverso seria verdade?
Dormi pouco. Acordei com gosto de briga na boca, como se tivesse discutido até o último fôlego.

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