sábado, 29 de dezembro de 2007

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007


Sinto a falta dele como se me faltasse um dente na frente: excruciante".
(Clarice Lispector)

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

"Viagem boa, Riobaldo. E boa-sorte"...
(G. S. Veredas, p.52). 

Prometi que não ia contar cada dia até ele voltar. Ainda bem que já se passou quase 1 dia. Faltam só 31. Por que dessa vez o mês vai durar 32 dias? Coisa estranha...
Prometi que não ia chorar muito, mas quando ele disse "amo você", me beijou no portão e virou as costas entrando no táxi, o nó apertou. Tive que afrouxá-lo. Chorei, olhando pra um milhão de estrelas no céu ainda escuro, pra não perder a coragem de sonhar.
Tive sonho ruim. Acordei com gosto de morte na boca. E agora quem vai salvar a minha vida nesse final de ano e início do próximo? Ainda mais agora que o mês vai durar muito mais...
É, mais um ano acabou. Ainda estou viva. Pelo menos sei que ainda respiro. Não sinto vontade de fazer o balanço final. Pelo menos hoje não. Mas sinto vontade de mudar, mudar o cabelo, mudar de cidade, mudar de vida, fazer só o que gosto, cuidar de mim, porque foi o que ele me pediu, porque eu preciso. Preciso pedir perdão a Deus por ter cometido pecados tão graves esse ano. Tomara que no próximo ano você seja mais obediente, menina.

"Já que você não está aqui, o que posso fazer é cuidar de mim. Quero ser feliz ao menos"...

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

En el muelle de San Blas

És precária e veloz, Felicidade.
Custas a vir e, quando vens, não te demoras.
Foste tu que ensinaste aos homens que havia tempo,
e, para te medir, se inventaram as horas.

Felicidade, és coisa estranha e dolorosa:
Fizeste para sempre a vida ficar triste:
Porque um dia se vê que as horas todas passam,
e um tempo despovoado e profundo, persiste.
(Epigrama n. 2- Cecília Meireles)

Antes eu conseguia rir da minha própria desgraça, hoje não mais.
Sei que tudo concorre para o bem dos que amam a Deus, mas quando uma coisa atrás da outra começa a dar errado, o riso murcha e mangar de mim mesma perde a graça. Difícil até levantar da cama por não ter forças.

Felicidade são as poucas horas em que posso sentir o seu leve respirar, tem um cheiro tão bom. Bom também é quando ele ri das besteiras que eu falo, e depois repete mil vezes como se fosse a coisa mais linda que já tenha ouvido. Lindo ouvi-lo repetir: "Gosto muito de você", mesmo que lá no fundo meu ceticismo grite que não é verdade. E lá vai ele pra tão longe. A única coisa muito boa que me aconteceu nesses últimos 4 meses vai se afastar de mim. Espero que volte, mas também não quero esperar feito a Louca do Cais*.

Pena que toda alegria seja assim: já venha embrulhada numa tristezinha de papel fino, como disse Millôr Fernandes. Fazer o quê?

*Texto escrito no falido blog Tops de Linha em 20 de março de 2004:

"Lembrei de uma música do Maná: `En el muelle de San Blas`, cuja tradução de `minha própria autoria` é: `A louca do cais`. Sinta o drama!

A mulher se despediu do amor. Ele partiu num barco do porto de San Blas. Ele jurou que voltava. Ela chorando feito uma condenada, jurou que esperava. Aí, já sabe, se eles não ligam no dia seguinte, imagine esse cara no meio do mar... bom, milhares de luas se passaram e a retardada sempre estava lá, no cais do porto esperando... com o mesmo vestido, que era pra ele não se confundir.
Os caranguejos mordiam a sua roupa, sua tristeza, sua ilusão (quase que eu sentia pena dela nessa hora)... e o tempo passou... e os seus olhos se encheram de amanheceres... e acabou apaixonada pelo mar, a ponto de criar raízes... sozinha... sozinha no esquecimento, com seu espírito, com seu amor, o mar, no cais de San Blas...
O doida ficou velha, o cabelo ficou branco, e lá, mas nenhum barco devolvia seu amor. Lá na cidadezinha passaram a chamá-la de A doida do cais (eu já chamo desde o início da história). A mulher virou atração no lugarejo, mas sempre tem alguém com bom senso pra acabar com a festa, e numa tarde de abril, tentaram levá-la para um manicômio. Você pensa que ela foi? É ruim, hein? Nínguém conseguiu arrancá-la de lá e do mar ela nunca mais se separou.
Sozinha... sozinha no esquecimento, com seu espírito, com seu amor, o mar, no cais de San Blas...
Sozinha no esquecimento...
Sozinha com seu espírito...
Sozinha com seu amor, o mar... a bichinha...
Jacaré apareceu? O amor dela também não. E é aí que o cantor canta gritando:

`Se quedo, se quedo, sola, sola
Se quedó, se quedó, con el sol y con el mar
Se quedo ahi, se quedo hasta el fin
Se quedo ahi, se quedo en el muelle de San Blas
Sola, sola se quedo`...

História triste... mas tem muita mulher por aí assim, meio louca do cais...

Falei e Disse".

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Momento agorafóbico



(Teimosamente falo sobre o assunto, mas as vezes é bem melhor ficar calada)

Bb, sabe quando você me pergunta pra onde eu vou quando terminar o curso? 
Sim...
Eu sempre reluto em responder e te digo que talvez volte pra Aju, mas não é verdade, não é o que eu quero... eu não vou voltar pra lá... nem vou ficar aqui... eu vou voltar pra obra.
Vai voltar pra obra de onde veio? Ou pra outra? Qual obra?
Não sei qual, não sei pra onde, mas quero ir pra não ter que morar mais sozinha. A colega (a que me chama de "minha magrelinha") sempre me disse que me leva pra onde ela for, me leva debaixo do braço mundo afora, e eu vou. Mandaram umas fotos de Coari, me convidaram, e eu tenho coragem de ir.
Onde é Coari?
É no Amazonas, a obra de Manaus, meu bem.

Ele ficou um tempo em silêncio pra depois dizer:

Por mais que eu não concorde, vou sempre respeitar o seu direito de agir e pensar, e estarei sempre torcendo por você. 

Não era bem o que eu queria ouvir, mas quis explicar...

Entenda: minha mãe tem meu pai (a quem ela chama de "preto"), meu irmão tem a namorada (a quem chama de "Chuchu"), minhas primas têm seus filhos e sobrinhos, você tem uma família grande pra cuidar e luta pra ficar perto dela (o que seria bem longe de mim)... eu não tenho ninguém, não quero mais morar sozinha.

Lembrei (pensando apenas) que mudar pra Esplanada foi muito bom pra mim e me marcou bastante, porque eu nunca estava sozinha. Às vezes sonho que estou lá, nas ruas frias de paralepípedo, na casa verde com bosque no quintal de onde eu via um pôr-do-sol frio. Eu tinha a Colega, tinha Isolda com sua iogurteira que tocava sempre às 3 da manhã, e tinha tb a Rê, que não conversava muito comigo, mas a presença dela era suficiente. Eu tinha Jane e tinha também André, que me fazia rir o tempo inteiro, o único que ria 7 vezes da mesma piada que eu contava. Tinha os meninos da sala com quem eu brincava (só n sinto falta daqueles que eram bem grosseiros comigo. Recalcados, com certeza). Tinha também as festinhas e os jantares, mesmo os que eu não fui convidada, mas eu sabia que se eu quisesse eu tinha pra onde ir.

É por isso que tenho vontade de voltar a trabalhar em obra, bom ou ruim, pelo menos tá todo mundo na mesma situação, tem mais é que se unir. É pra lá que eu quero ir.

E depois de tentar fazê-lo entender, querendo que pelo menos ele dissesse que eu tinha a ele, limitou-se a responder:

- Você é muito dramática, bb. Como os morangos do dia-a-dia e viva.

Falou assim soando tanta incompreensão. Chorei fortão. Ninguém entende mesmo. O problema maior de se sentir sozinha é que, ironicamente, ninguém, mas ninguém mesmo tem nada a ver com isso.

Piu.

E hoje se completa mais um mês na companhia dele. 4 no total. Diz ele que eu sou "mágica". rs!

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

E tudo era muito para um coração de repente enfraquecido que só suportava o menos, só podia querer o pouco aos poucos.
Clarice Lispector

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Despedir dá febre.

"Despedir dá febre." 
(Guimarães Rosa - Grande Sertão Veredas)

Vivo queimando constantemente a 40 graus. Ah, essa minha mania de ser romântica! De achar que cada encontro é uma despedida. Até quando, não sei.

Ontem, com uma tpm desgraçada, eu queria mais era matar cada vendedor ambulante que entrava gritando seus produtos dentro do ônibus, me tirando da absorção dos meus vãos pensamentos. Mataria, faria uma favor a mim e à sociedade. Só aqui mesmo em Salvador que tem isso, nunca vi em lugar nenhum. Coisa de baiano. Mataria meu chefe também, que ontem teve um ataque por causa de uma simples chave. Mataria a mim mesma só pra provar pra meu bb que eu não sou dramática, só pra provar que sofro com minha agorafobia e meu transtorno obsessivo compulsivo por cores. Deixaria ele de "cabeça ruim", só pra me vingar da falta de carinho e atenção com os meus problemas. Humpf!
Isso me lembra que ganhei dele um tênis lindo - preto com rosa, e só consigo usar com a malha de academia cor de rosa. Juro que tentei, mas rosa não combina com o azul das minhas outras roupas, nem com o verde... e eu só tenho uma malha rosa... e eu quero meus 7 kg de volta. Quero mesmo.

(...)

Ah, eu queria também morar numa casa onde pudesse ouvir de tarde os som das folhas balançando nas árvores. Onde eu pudesse criar um gato pra me fazer companhia com seus olhos grandes e tristes. Porque todo gato tem mesmo um olhar meio triste, não acha?

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

"Aqui está minha vida - esta areia tão clara
com desenhos de andar dedicados ao vento.
Aqui está minha voz - esta concha vazia,
sombra de som curtindo o seu próprio lamento.
Aqui está minha dor - este coral quebrado,
sobrevivendo ao seu patético momento. 

Aqui está minha herança - este mar solitário,
que de um lado era amor e, do outro, esquecimento".

(Aqui Está minha Vida- Cecília Meireles)


E meu coração dói hoje mais do ontem. Dói tanto que acho que vou ter um enfarte. Ou seria enfarto? Será que essa dor sará amanhã? Ou não sara nunca? Ruim ser apaixonada sempre e tão carente que sinto dó de mim mesma. Estou cansada, tão cansada de tudo, e só repito que queria sumir, puf, numa poeira de purpurina. Ou num raio laser bem chique.

quinta-feira, 29 de novembro de 2007


Grito de Alerta 
Bruno e Marrone 
Composição: Gonzaguinha 

Primeiro você me azucrina 
Me entorta a cabeça 
Me bota na boca um gosto amargo de fel 
Depois vem chorando desculpas 
Assim meio pedindo 
Querendo ganhar um bocado de mel 

Não vê que então eu me rasgo, 
Engasgo e engulo 
Reflito e estendo a mão 
E assim nossa vida é um rio secando 
As pedras cortando 
E eu vou perguntando: até quando? 

São tantas coisinhas miúdas, 
Roendo, comendo 
Arrasando aos poucos o nosso ideal 
São frases perdidas num mundo 
De gritos e gestos 
Num jogo de culpa, que faz tanto mal 

Não quero a razão 
Pois eu sei o quanto estou errado 
O quanto já fiz destruir 
Só sinto no ar o momento 
Em que o copo está cheio 
E que já não dá mais pra engolir 

Veja bem 
Nosso caso é uma porta entreaberta 
Eu busquei a palavra mais certa 
Vê se entende o meu grito de alerta 

Veja bem 
É o amor agitando meu coração 
Tem um lado carente dizendo que sim
E essa vida da gente gritando que não

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Bruto Romance


"Ora afinal a vida é um bruto romance
e nós vivemos folhetins sem o saber."

(Carlos Drummond de Andrade)

"Como milhares de pessoas dizem (e com razão): minha vida é um verdadeiro romance, se eu escrevesse contando ninguém acreditaria"...
(Clarice Lispector)
E num é que é mesmo? Minha vida além de um verdadeiro e bruto romance, é uma baita novela mexicana. Não sei o dizer agora, não sei nem o que pensar, nem sei onde tantas idas e vindas vão dar, só posso dizer que fui muito amada esse final de semana, mesmo que tudo não passe de uma grande ilusão minha e de mais uma grande mentira.

O réu é confesso, não havia dolo, o crime não aconteceu, mas há culpa, pediu perdão, pena atenuada. Prometeu ficar perto, que não ia acabar... parte de mim não acredita, parte de mim sabe que vai sofrer, mas sofrimento é quando não estou com ele, então enquanto eu puder estar, estarei. Mais uma vez a tristeza mendigando um sorriso.

Apesar de saber que algumas coisas não têm conserto, que palavras ditas não voltam atrás e que uma vez perdida a confiança, é muito difícil recuperá-la, ainda não sei o que é mais difícil: pedir perdão ou perdoar. Tento fazer apenas como Jesus disse, seguir perdoando até "70x7", se for possível, requerido, solicitado, preciso.

Como me disse uma das minhas amigas virtuais (continuo repetindo que só tenho amigas cultas):

"Mentira tem perna curta. Tem dedos curtos também: não dá pra teclar e clicar tão rápido pra esconder tudo. A parte mais triste, mais irônica, e que mais temos dificuldade de ver, é que quem mente é quem verdadeiramente sofre mais. Sofre mentindo, pela ignorância. Sofre escondendo, pelo medo. Sofre descoberto, pela vergonha. E sofre por tudo que faz de errado, mesmo que não seja descoberto e que seja desavergonhado: porque o que faz volta pra si, pelo seu erro, pelo sofrimento gerado a outra pessoa". (Loy)

Pra terminar, não poderia deixar de citar a frase preferida (e profunda) de uma de minhas amigas reais, colega que eu e ele temos em comum: "Bb, não se preocupe, porque no final tudo se resolve".
(Janecleide Menezes)

segunda-feira, 26 de novembro de 2007


Não há nada encoberto, que não venha a ser revelado [pelo orkut]; nem oculto, que não venha a ser conhecido". 
(Palavras de Jesus, segundo Mateus, 10:26. Com grifo da autora).

Cada vez mais amo esse tal de orkut (lembrando que amar é sofrer).
Continuo dizendo que quem não deve não teme e sigo rindo de quem apaga todos os scraps, de quem reclama quando acessam seu perfil, daqueles que odeiam quando olham suas fotos e acabam deletando o perfil "porque só viviam fuçando" (leia frase entre aspas com tom de nojo)... ora, se não 'güenta pra quê veio?
Mas vou ter que concordar... ô bichinho dedo-duro esse orkut, viu?

"E conhecereis o orkut e a verdade vos libertará". 
(Palavras de Soberana)

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Quanto tempo dura um mês?


"Quem revelará o mistério que tem a fé
E quantos segredos traz o coração de uma mulher
Como é triste a tristeza mendigando um sorriso 
Um cego procurando a luz na imensidão do paraíso
Quem tem amor na vida, tem sorte
Quem na fraqueza sabe ser bem mais forte
Ninguém sabe dizer onde a felicidade está"


(Sinônimos - Chitãozinho e Xororó/ Zé Ramalho)




Diz o cara do Biquini Cavadão que 1 mês é a vida inteira de um inseto, o tempo para um embrião virar feto, a folha do calendário, o trabalho pra ganhar um salário...
1 mês é tempo suficiente para tornar-se campeão da Copa do Mundo, é apenas um dia em Saturno...
Quanto tempo realmente dura 1 mês?
Pra mim durou apenas algumas duras verdades, durou apenas uma noite, o mês acabou da pior maneira, logo depois de eu ter comprado as coisas que ele gosta, de arrumar minha casa, de ter dado carinho... há pessoas que não gostam de carinho?
Comigo a verdade é sempre bem mais verdadeira, acho que por que eu exijo isso dela, mas doer, dói, só não sei até quando, será que dói mais do que um mês?
Soberana# 

segunda-feira, 19 de novembro de 2007





"Os ventos que às vezes tiram algo que amamos, 
são os mesmos que nos trazem algo que aprendemos a amar.
Por isso não devemos chorar pelo que nos foi tirado e sim aprender a amar o que nos foi dado, 

pois tudo que é realmente nosso nunca se vai para sempre".

Ora, eu choro a hora que eu quiser...
Quer que eu chore agora?

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

JOSÉ


(Carlos Drummond de Andrade) 

E agora, José? 
A festa acabou, 
a luz apagou, 
o povo sumiu, 
a noite esfriou, 
e agora, José? 
e agora, você? 
você que é sem nome, 
que zomba dos outros, 
você que faz versos, 
que ama, protesta? 
e agora, José? 

Está sem mulher, 
está sem discurso, 
está sem carinho, 
já não pode beber, 
já não pode fumar, 
cuspir já não pode, 
a noite esfriou, 
o dia não veio, 
o bonde não veio, 
o riso não veio 
não veio a utopia 
e tudo acabou 
e tudo fugiu 
e tudo mofou, 
e agora, José? 

E agora, José? 
Sua doce palavra, 
seu instante de febre, 
sua gula e jejum, 
sua biblioteca, 
sua lavra de ouro, 
seu terno de vidro, 
sua incoerência, 
seu ódio - e agora? 

Com a chave na mão 
quer abrir a porta, 
não existe porta; 
quer morrer no mar, 
mas o mar secou; 
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
 
José, e agora? 

Se você gritasse, 
se você gemesse, 
se você tocasse 
a valsa vienense, 
se você dormisse, 
se você cansasse, 
se você morresse... 
Mas você não morre, 
você é duro, José! 

Sozinho no escuro 
qual bicho-do-mato, 
sem teogonia, 
sem parede nua 
para se encostar, 
sem cavalo preto 
que fuja a galope, 
você marcha, José! 
José, para onde? 

No escuro do quarto, deitada na cama só de toalha, curtia minha auto comiseração e me sentia quase como o José de Drummond. Algumas vezes olhava para o teto, outras, para a réstia da porta que ia e vinha com o vento. Vontade de evaporar, sublimar, desaparecer. Sem ninguém chorando minha falta ou me procurando. Simplesmente sumir. Se alguém perguntasse, se bem por acaso dessem por minha falta, gostaria que outro respondesse: "Ninguém sabe, ninguém viu". 
O momento mais feliz do meu dia tem sido quando estou dormindo. Cansada, sempre cansada, queria não ter que pensar, não ter que acordar, não ter que ouvir, falar, raciocinar, não ter que chorar ou sorrir. Não queria morrer ou ser dada como desaparecida, só queria deixar de existir.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Indecisao

"Quem ama quer estar sempre perto
Quem quer, faz de tudo pra dar certo

Se era pra ser assim
Então por que cuidou tão bem de mim?
Me seduziu, me enfeitiçou
Diz que me quer
Mas comigo não ficou"... 


(Indecisão - Aviões do Forró)
Sim, eu gosto de forró, aceite!

Pela primeira vez depois de séculos trabalhando com gasoduto, fui "correr a faixa". Fui do Km 1 ao 10 próximo a Catu. Estou até hoje emocionada! Vi a fase de ponteada e fui apresentada pessoalmente a um side boom. Vi também um mini-HDD. Até que enfim pude ver na prática o que só conhecia na imaginação. rs!

Fui para Esplanada e no dia seguinte para Catu (tudo na Bahia, pra quem não sabe), fui para uma visita técnica, e estava chique toda andando de Pick-up Hilux (sei lá como se escreve), mas me colocaram num hotel tão peba em Alagoinhas que acordei com um barata morta no chão ao lado da cama, pense no pavor!

Encontrei meu Bb no canteiro de Esplanada e tivemos que nos tratar como "colegas" já que eu sou da fiscalização e ele da subcontratada do empreendimento, foi engraçado, mas ruim ao mesmo tempo, ver e não poder beijar, abraçar, se tratar como simples conhecidos, coisa estranha...



E eu estou tão magra que pareço um espantalho. Ri e chorei ao mesmo tempo vendo essa foto. Eu sou mesmo patética, certa está minha amiga Catilanga.
Perdi 5 quilos, quem achar por aí, favor devolver. Perdi também um bumbum invejável, esse, principalmente, não abro mão, quero de volta.
Diz minha colega que meu novo chefe me "vampiriza", suga todas as minhas energias por isso estou secando assim, que eu tenho que trazer uns cristais, umas plantas espanta-energia-negativa... será? Eu, hein?

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

360º



Por esses dias passei a perceber que minha vida deu foi mesmo um giro de 360º. Muitos podem pensar que houve uma mudança radical, de fato, mas quem entende um pouco de trigonometria sabe que quando há um giro de 360º, volta-se ao ao ponto de origem, volta-se ao grau 0º. Acho que troquei 6 por meia dúzia. Pensei que babado era bico, no entanto descobri que a rapadura é doce, mas não é mole não.

Depois de um ano de trabalho atormentado em que convivi com pessoas infelizes e em que me senti, a maior parte do tempo, pior do que o cocô do cavalo do bandido, tomei coragem e me libertei, mudei de vida, saí da inércia, da mesmice e mediocridade que me atormentava. Meu ex-algoz virou uma espécie de amigo, larguei meus bens materiais aos quais era tão apegada e mudei pra "cidade grande", vim morar sozinha, somente pra fazer uma pós, mesmo tendo sempre demonstrado total desinteresse nisso.

Consegui um apartamento num lugar legal, mesmo custando os olhos da cara, na pós encontrei uma amiga super divertida, um emprego invejado, tudo se acertando... mas agora acordo e vejo que minha vida está sendo repetida, tudo está acontecendo da mesma maneira. O algoz agora é outro, e volto a me sentir moralmente assediada no trabalho. Cobranças e mais cobranças, exigências, testes diários, críticas com relação ao meu desempenho... começo a achar que o problema seja realmente comigo, talvez eu tenha dado o passo maior do que a perna, talvez eu seja fraquinha-"foi-se-deitar" e não tenha forças pra viver a vida que quero.

Talvez seja melhor ser pragmática, idealismo demais me decepciona. Sempre pergunto a minha amiga Jorlane se vale mesmo à pena tanto sacrifício, tanto esforço - ficar longe de quem a gente ama, longe da família, sentir solidão, se esforçar pra ter um pouco mais, estudar, buscar, lutar. Sábado perguntei o mesmo a minha amiga-de-Ipatinga-Minas-Gerais, e a catilanga respondeu com Fernando Pessoa: "Tudo vale à pena se a alma não é pequena". (eu só tenho amigos cultos, desculpa aí!)

É verdade... não sei de que tamanho é a minha alma, só sei que por enquanto tudo que posso me dar "é solidão com vista pra o mar", um pôr-do-sol "fantástigo" com direito a céu de baunilha, e ser feliz com isso, porque a Bahia é linda, Salvador é linda, o mar é lindo, e eu sou linda, meu rei, num tô lhe dizendo?!

p.s.: Mudando de assunto... o que era apenas um encontro num almoço de domingo 12 de agosto, espantosamente dura 3 meses. Pena que tem data pra acabar... mas não é assim com a maioria dos "amores de trecho"? , sempre tem um fim, mais cedo ou mais tarde.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007


Poema Quebrado 
Oswaldo Montenegro 

Eu era apenas rio 
Esperando que você navegasse 
Poema quebrado no frio 
Num salão vazio 
Esperando que você recitasse 
Eu era manhã cinzenta 
Esperando de você a aurora 
Um lobo de olhar em brasa 
Te vendo em casa 
(e o lobo do lado de fora) 
E eu era, quem diria 
A melodia que jamais compusera 
E eu, que jamais daria 
Era o verbo dar 
Dizendo assim: quem dera! 
Então não vá embora 
Agora que eu posso dizer 
Eu já era o que sou agora 
Mas agora gosto de ser

sexta-feira, 19 de outubro de 2007


A um ausente 
(Carlos Drummond de Andrade) 

Tenho razão de sentir saudade, 
tenho razão de te acusar. 
Houve um pacto implícito que rompeste 
e sem te despedires foste embora. 
Detonaste o pacto. 
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência 
de viver e explorar os rumos de obscuridade 
sem prazo sem consulta sem provocação 
até o limite das folhas caídas na hora de cair. 

Antecipaste a hora. 
Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas. 
Que poderias ter feito de mais grave 
do que o ato sem continuação, o ato em si, 
o ato que não ousamos nem sabemos ousar 
porque depois dele não há nada? 

Tenho razão para sentir saudade de ti, 
de nossa convivência em falas camaradas, 
simples apertar de mãos, nem isso, voz 
modulando sílabas conhecidas e banais 
que eram sempre certeza e segurança. 

Sim, tenho saudades. 
Sim, acuso-te porque fizeste 
o não previsto nas leis da amizade e da natureza 
nem nos deixaste sequer o direito de indagar 
porque o fizeste, porque te foste.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

O texto retirei do filme "Dança Comigo?". O diálogo é entre a esposa e o detetive que contratou pra descobrir qual o segredo que o marido esconde. Ela começa dizendo:

- Tantas promessas que fazemos e não cumprimos... por que as pessoas se casam?
- Paixão.
- Não.
- Pensei que fosse uma romântica. Então, por quê?
- Porque precisamos de uma testemunha para nossas vidas. Há um bilhão de pessoas na Terra. O que significa a vida de cada um? Mas no casamento você promete cuidar de tudo, das coisas boas, das ruins, das péssimas, das coisas mundanas... de tudo. O tempo todo, todo dia. Você diz: ´Sua vida não será despercebida porque eu a notarei. Sua vida será testemunhada porque serei sua testemunha´. 


A solidão é o pior castigo. Triste de quem vive sozinho. Quero uma testemunha na minha vida, não quero mais que ela passe despercebida, não quero mais fazer compras de supermercado sozinha, não quero mais ser uma e ter que me aquecer com um edredon, quero ser dois ou três ou mais que isso, se assim Deus quiser.

E meu blog completou quatro anos este mês. Muita coisa vivida e escrita, um pedaço de mim em cada linha. Parabéns para o Sempre Soberana.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007



"Despedir-se de um amor é despedir-se de si mesmo. É o arremate de uma história que terminou, externamente, sem nossa concordância, mas que precisa também sair de dentro da gente..."
[Martha Medeiros]

(Do blog Tempo de Travessia. E eu continuo sem criatividade!)


Ode a mais um deletado. Essa brincadeira já tá perdendo a graça, e de tão ridícula chega a ser patética. Aff!!! 

A mulher de cada porto 
Edu Lobo - Chico Buarque 
1985 

ELE 
Quem me dera ficar meu amor, de uma vez 
Mas escuta o que dizem as ondas do mar 
Se eu me deixo amarrar por um mês 
Na amada de um porto 
Noutro porto outra amada é capaz 
De outro amor amarrar, ah 
Minha vida, querida, não é nenhum mar de rosas 
Chora não, vou voltar 

ELA 
Quem me dera amarrar meu amor quase um mês 
Mas escuta o que dizem as pedras do cais 
Se eu deixasse juntar de uma vez meus amores num porto 
Transbordava a baía com todas as forças navais 
Minha vida, querido, não é nenhum mar de rosas 
Volta não, segue em paz 

OS DOIS 
Minha vida querido (querida) não é nenhum mar de rosas 

ELE 
Chora não 

ELA 
Segue em paz. 

quinta-feira, 11 de outubro de 2007


Coração partido mata, diz reportagem:
http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/

Mas isso Gonçalves Dias já tinha dito há muito tempo atrás...

Se se morre de amor

Se se morre de amor! - Não, não se morre,
Quando é fascinação que nos surpreende
De ruidoso sarau entre os festejos;
Quando luzes, calor, orquestra e flores
Assomos de prazer nos raiam n'alma,
Que embelezada e solta em tal ambiente
No que ouve e no que vê prazer alcança!

Simpáticas feições, cintura breve,
Graciosa postura, porte airoso,
Uma fita, uma flor entre os cabelos,
Um quê mal definido, acaso podem
Num engano d'amor arrebentar-nos.
Mas isso amor não é; isso é delírio
Devaneio, ilusão, que se esvaece
Ao som final da orquestra, ao derradeiro
Clarão, que as luzes ao morrer despedem:
Se outro nome lhe dão, se amor o chamam,
D'amor igual ninguém sucumbe à perda.

Amor é vida; é ter constantemente
Alma, sentidos, coração - abertos
Ao grande, ao belo, é ser capaz d'extremos,
D'altas virtudes, té capaz de crimes!
Compreender o infinito, a imensidade
E a natureza e Deus; gostar dos campos,
D'aves, flores,murmúrios solitários;
Buscar tristeza, a soledade, o ermo,
E ter o coração em riso e festa;
E à branda festa, ao riso da nossa alma
fontes de pranto intercalar sem custo;
Conhecer o prazer e a desventura
No mesmo tempo, e ser no mesmo ponto
O ditoso, o misérrimo dos entes;
Isso é amor, e desse amor se morre!

Amar, é não saber, não ter coragem
Pra dizer que o amor que em nós sentimos;
Temer qu'olhos profanos nos devassem
O templo onde a melhor porção da vida
Se concentra; onde avaros recatamos
Essa fonte de amor, esses tesouros
Inesgotáveis d'lusões floridas;
Sentir, sem que se veja, a quem se adora,
Compreender, sem lhe ouvir, seus pensamentos,
Segui-la, sem poder fitar seus olhos,
Amá-la, sem ousar dizer que amamos,
E, temendo roçar os seus vestidos,
Arder por afogá-la em mil abraços:
Isso é amor, e desse amor se morre!