"Não, não tente me fazer feliz
Eu sei que o amor é bom demais,
mas dói demais sentir".

(Pessoa - Dalto/Cláudio Rabello)

Detesto barata. Detesto mesmo. Tenho horror, pavor, asco, nojo mesmo. E ela estava lá, olhando pra mim, ainda adolescente, mexendo suas repulsivas antenas freneticamente. Peguei a seringa de veneno comprada há algum tempo atrás e assim armada fui ao combate.
Delicadamente armei um campo minado na parede em torno da desgraçada. Assim, ao menor movimento ela pisaria em uma das bombas e cairia dura, mortinha da silva, pensava eu.
Esperei meia hora por alguma movimentação, apenas as antenas não paravam. Mais meia hora e vi que a barata tinha se movimentado e já estava em cima da pasta de veneno. Mas, constato com surpresa, que ela banqueteava-se com cada bolinha deixada por mim. Comia, agitando as antenas mais rapidamente, até quebrar o círculo, que supunha eu ser mortal.
Esperei mais meia hora para ver a sua morte... mais outra meia hora... o sono me chegou. O movimento das suas antenas dava-me sonolência.
Saí do banheiro, dei uma volta, lavei o rosto, voltei. Ela continuava a passear pela parede, e ria da minha cara. Ria, não, gargalhava com a barriga cheia de alimento.
Fui dormir frustrada. Como será que esse veneno funciona? Poxa, me custou R$10.00! Quando eu tinha gato em casa o efeito era mais rápido. Bom mesmo é o famoso Baygon, mas eu sou terrível tendo-o como arma em minhas mãos: aplico o spray em tamanha quantidade sobre as infelizes que elas chegam a murchar. Uma cena horrorosa!
Só sei que ainda não descobri como funciona o tal do Baratol. Queria ação imediata. Pela manhã a primeira coisa que lembrei foi dela, corri ao banheiro e encontrei o canto mais limpo, gritei:
"Mainha, você não viu um barata morta por aí?"
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"Ai, meu coração, que não entende o compasso do meu pensamento..."

Descobri que não sei namorar

Ontem chamei Fabinho pra assistir o pôr-do-sol na beira da praia. Oh! Brisa marinha, areia, mar azul, ondas brancas... e Fabinho nem prestou atenção a nada.
Mudei o clima romântico pra descontráido. Ri, pulei, contei histórias. Acho que fiz papel de palhaça. Aquietei-me. Contentei-me em ficar sentada num banco ao lado dele com mil pensamentos na cabeça. Será que ele não me ama mais? Será que ele já me amou um dia?
Não sei namorar porque sempre acho que todo amor é pra sempre.
Não sei namorar por que sempre me atormento com pensamentos aflitivos e muitas vezes infundados. Pior que se me atormentasse sozinha era bom, mas ainda atormento ele e outros, como vocês, que ainda têm saco pra ler o que escrevo. Ou não?

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