Dona Encrenca e as paranóias



Dona Encrenca e as paranóias

O alarme tocava, tocava e ela não sabia o que havia disparado nem como desligava. Só sabia que doía. Doía nos ouvidos, na cabeça, no coração, na alma.
Dona Encrenca é gato escaldado. Gata, melhor dizendo, que morre de medo de água gelada, e nada, nem ninguém conseguia convence-la de que o alarme era falso. Ela só sabia do sexto sentido. Quase como naquele filme, ela também via "Dead People". Pessoas enforcadas, esquartejadas, carbonizadas. Estava atormentada com as visões. Via, lembrava, sentia.
O alarme tocava. Disparado por quem? Por quê? O barulho fazia com que ela lembrasse que já tinha sido trocada, abandonada, rejeitada, enganada. Nunca mais.
Submeteu-o a um teste, e ele foi reprovado. Terminou tudo. Num acesso mais forte de loucura. Ele apenas disse: "Você é quem sabe" e ela não se arrependeu do que fez.
Não havia motivos, mas ela só sabia do que sentia e isso bastava.
Mas como num filme de amor, ele a fez entender que ela continuava sendo única, mesmo que ela duvidasse. Mestre da paciência, desligou o alarme dando-lhe um abraço e juntos ficaram olhando as estrelas do céu.
Noite fria. Calor.

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