Depois de algum tempo...


"Depois de algum tempo você aprende a diferença, a sutil diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma...
E começa a aprender que beijos não são contratos e presentes não são promessas."

Ontem numa entrevista num desses canais de TV a cabo, a atriz Drew Barrimore falou sobre algo que me chamou a atenção.
Perdas
- se apegar, criar vínculos e depois ter que dizer adeus, se afastar, se despedir. Ela falou sobre sua dificuldade em aceitar isso, já que as pessoas estavam sempre saindo de sua vida. E confessou: aprendeu a lidar com esse sentimento, mas nunca o compreendeu.
De Drew Barrimore, viajei até Selton Melo e o seu personagem Chicó no Auto da Compadecida de Ariano Suassuna. Seu amigo apostou uma tira de couro das suas costas, nem lembro por quê, mas a todo momento ele vivia atormentado com a possibilidade de perder: "Eu tô cansado de ficar com um tira de couro, sem uma tira de couro, com uma tira de couro, sem um tira de couro... Ai meu couro, meu courinho, que nasci tão apegado a ele". Lembrei disso só pra ter um motivo de rir.
Agora, porque é que eu estou falando tudo isso? É? Por quê???
Porque estou cansada de ter um amigo, não ter um amigo, ter um amor, não ter um amor...
Ah, meus amigos... que sou tão apegada a eles!!!

É incrível a quantidade de pessoas que entram repentinamente na minha vida e somem da mesma forma. E isso acontece tanto comigo... logo eu... que me apego a todo mundo, que gosto de todo mundo...

Lembro de um amigo que me ligava sempre no mesmo horário: 1:30 da tarde - a hora que eu chegava do trabalho. Conversávamos até a hora dele sair, mais ou menos às três. Foi assim por um bom tempo. Ele passava de repente no meu trabalho só pra me falar qualquer coisa. Vivia a dar toques no meu celular. Ajudou-me a superar o fim de um namoro. Eu ouvia sobre suas namoradas e ficantes e ria com tudo. Sempre que podia estávamos em contato. Até que ele sumiu. Por uma semana, depois por um mês. Meses. Talvez eu tenha sumido também e agora nossas telefonemas são escassos. Só de vez em quando... nem sei por que...

Outro também me ligava sempre. Conversávamos por longos minutos... depois sumiu. Hoje ele é apenas um conhecido... alguém que fala comigo apenas por educação. Não, não houve brigas nem discussões. Apenas isso. Indiferença.

Também tenho amigos que permanecem, mesmo ausentes, como um amigo da minha cidade natal, que conheci aos meus 16 anos, passando trote no telefone.
Com ele e minha prima Sandra, tínhamos tardes agradabilíssimas regadas com vitamina de banana, batata frita e ketchup (que combinação!). Chocolates sempre e muito filme. Algumas brigas... mas muito carinho. Carinho de amigo mesmo... e ele é bem mais velho do que eu. Agora está casado, com filhos, mas quando a gente se vê, é só alegria, como se nunca tivéssemos estado tão longe...

Sim, tenho amigos que permanecem. Que nunca mudam.
Amigos que me ligam todos os sábados me lembrando que está na hora de ir à igreja.
Amigos que tocam piano pra mim quando estou triste porque sabe que isso acalma meu coraçãozinho.
Amigos que gostam de conversar comigo porque sou uma engenheira com uma veia literária, que conversam comigo até mesmo porque sou pernóstica.
Amigos que me dão colinho... que me dão abraços... que dizem que me amam... que me colocam pra cima... que me mandam torpedos.
Amigos que se preocupam se eu almocei ou dormi bem.
Mas lamento pelos que sumiram da minha vida.
Tem gente que tenta me consolar dizendo: esse não eram amigos de verdade, mas isso só me entristece mais... porque eu era amiga deles.

Nem vou falar aqui dos amores que tive e perdi. Seria até covardia. Mas vou falar de mais um amigo de quem gosto muito.

Esse merece até apanhar porque me acostumou com seus telefonemas diários, com nossas conversas intermináveis. Fez com que me acostumasse com sua voz e seu sotaque diferente. Gostava de saber da sua vida e contar a minha. E ele me fazia rir quando ninguém mais conseguia.
Hoje ele não me liga mais como antes.
Hoje eu o conheço um pouco melhor e mesmo assim sinto que se distancia de mim.
Dessa vez não quero que aconteça novamente, não quero me tornar mais uma conhecida e vê-lo falar comigo apenas por educação.
Talvez o problema esteja comigo. Talvez eu não saiba conservar os amigos.

Ah, meu amigo, meu amiguinho, que sou tão apegada a ele!

Falei e Disse.
Eita, que esse post ficou grandão!

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